Para se ter ideia, o valor representa quase 75% do total resgatado durante todo o ano nessas carteiras, que somava US$ 19,675 bilhões até o dia 31. Os números são da consultoria americana EPFR Global, que acompanha a movimentação dos portfólios internacionais.
A volatilidade em agosto foi tanta que, em vários dias, chegou bem perto das oscilações vistas durante a crise de 2008. Pesou muito o fato de a agência de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P) rebaixar a nota de crédito soberano de longo prazo dos Estados Unidos. Para ajudar, consolidou-se a percepção no mercado de menor crescimento global e a possibilidade de recessão americana.
O aumento da aversão ao risco atingiu também as aplicações em bolsa dos mercados desenvolvidos. Os fundos de ações dedicados aos países mais ricos tiveram saídas de US$ 18,960 bilhões, embora no ano o fluxo ainda seja positivo em US$ 25,449 bilhões, até o dia 31.
Entre os emergentes, os fundos de ações dedicados ao Brasil registraram saídas de US$ 441,31 milhões em agosto, dos quais US$ 69,26 milhões na semana dos dias 25 a 31. O valor de resgates no mês é menor que o apresentado pelas carteiras de ações de Índia e Rússia no período, de US$ 956,85 milhões e US$ 1,291 bilhão, respectivamente. A China, por sua vez, teve saques de US$ 160,58 milhões.
Já no acumulado do ano, os fundos de ações voltados ao Brasil somam resgates de US$ 807,49 milhões até o dia 31. O total está bem abaixo das saídas dos portfólios de ações dedicados à Índia no período, de US$ 2,851 bilhões. É menor também do que o registrado pelas carteiras de ações da China, com saques de US$ 1,880 bilhão no ano. Já a Rússia destoa e acumula captação de US$ 1,895 bilhão até o dia 31.
Juntos, os fundos dedicados a comprar ações do grupo dos Bric (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China) perderam US$ 750,13 milhões em agosto e, no ano, registram resgates no valor de US$ 4,154 bilhões até o dia 31, segundo a EPFR Global.
Nas duas últimas semanas do mês, entretanto, os humores melhoraram diante das expectativas que o Fed anuncie a terceira versão do "Quantitative Easing" (QE3) - mecanismo pelo qual o BC americano compra títulos públicos para injetar dinheiro na economia para tentar estimular o crescimento.
Isso ajudou a estancar a saída dos fundos de ações emergentes na última semana de agosto. A maior parte dos recursos, entretanto, foi para fundos associados a países considerados um porto seguro ou mesmo para setores defensivos.
No geral, os fundos de ações captaram US$ 6,02 bilhões na semana encerrada no dia 31 de agosto - melhor resultado desde a primeira semana de julho -, com os Estados Unidos e carteiras de ações da Alemanha responsáveis por quase toda a entrada de recursos.
Luciana Monteiro |Valor Econômico
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