O risco de antecipar o estouro da meta para os próximos meses ficou mais nítido ontem, após a divulgação de dois importantes índices de preços. A segunda prévia do IGP-M de março registrou inflação de 1,41%, resultado quase seis vezes maior que o obtido na segunda prévia de fevereiro (0,24%). O índice foi puxado pela disparada dos alimentos no atacado.
Também o alimento foi o vilão da inflação ao consumidor medida pelo IPC da Fipe. Na segunda quadrissemana deste mês, o índice subiu 0,68% e a alta do preço da comida respondeu pela metade da variação.
"O teto da meta de inflação pode ser rompido antes do final da Copa", afirma o diretor de pesquisa da GO Associados, Fabio Silveira. Antes de conhecer os resultados do IGP-M e do IPC da Fipe, ele projetava que a inflação em 12 meses, medida pelo IPCA, atingiria 6,8% em julho.
Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, faz coro com Silveira e aponta alguns fatores que sustentam essa previsão. "O IPCA deste mês apurado pela FGV mostra que, na ponta, a inflação ao consumidor está em 0,8%, em média, e nos últimos três dias bateu 1%." Por isso, ele acredita ser mais provável a antecipação do rompimento da meta.
Ontem, por exemplo, o departamento econômico do Itaú Unibanco reviu para cima a projeção de inflação para este mês, de 0,7% para 0,8%. "Os dados na margem estão vindo mais pressionados", diz o economista do banco, Elson Teles. Entre os focos de pressão apontados para a mudança de previsão estão a alta do preço do etanol e da gasolina e os alimentos.
"A inflação dos alimentos está pegando agora e também vai pegar no segundo semestre. E não só no Brasil", diz o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawall. No seu prognóstico, o alimento vai deixar de ajudar a inflação neste ano.
Esse foi um dos motivos pelos quais ele ampliou de 6% para 6,3% a projeção do IPCA para 2014. Assim como Silveira e Rosa, Kawall diz que o limite para o estouro do teto da meta da inflação acumulada em 12 meses ficou mais tênue. Ele projeta para julho um IPCA acumulado em 12 meses de 6,66% e para junho de 6,4%. "Mas isso pode ser antecipado", adverte.
O economista Heron do Carmo, professor da Universidade de São Paulo e um dos maiores especialistas em inflação, vê riscos maiores desencadeados pelo choque nos preços dos alimentos.
"Agora, é mais provável que a inflação supere o teto da meta este ano com uma diferença maior", afirma. Isso significa que, nas suas contas, a inflação deverá fechar 2014 bem acima de 6,5%. Além dos alimentos, o economista diz que há pressões fortes que afetam de forma quase generalizada vários grupos de preços, como os serviços e os preços administrados e de bens exportáveis, que sofrem a influência da alta do câmbio, dentro do IPCA.
Nos medicamentos, já existe um reajuste autorizado, em média de 3,5%, que começa a valer a partir do dia 31 de março. Segundo o diretor da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFarma), Renato Tamarozzi, o impacto será sentido pelo consumidor em abril.
"Agora, é mais provável que a inflação supere o teto da meta este ano com uma diferença maior", afirma. Isso significa que, nas suas contas, a inflação deverá fechar 2014 bem acima de 6,5%. Além dos alimentos, o economista diz que há pressões fortes que afetam de forma quase generalizada vários grupos de preços, como os serviços e os preços administrados e de bens exportáveis, que sofrem a influência da alta do câmbio, dentro do IPCA.
Nos medicamentos, já existe um reajuste autorizado, em média de 3,5%, que começa a valer a partir do dia 31 de março. Segundo o diretor da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFarma), Renato Tamarozzi, o impacto será sentido pelo consumidor em abril.
Márcia De Chiara - O Estado de S.Paulo
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