"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 09, 2011

FUNDOS PERDEM R$ 7,2 bi.Trabalhadores sacam recursos dos investimentos para pagar dívidas com bancos e lojas. Saldo negativo é o maior desde dezembro.

Pendurados no cheque especial e no cartão de crédito e com o poder de compra dos salários corroído pela inflação, os brasileiros estão raspando as economias para saldar as contas.

Depois de atacar a caderneta de poupança, os trabalhadores se voltam agora para os fundos de investimento, que registraram um resgate líquido (saques maiores do que aplicações) de R$ 7,16 bilhões em maio.

Esse foi o maior saldo negativo desde dezembro, segundo os dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

No mês passado, as aplicações somaram R$ 189 bilhões, mas foram superadas pelos resgates de R$ 196,1 bilhões.
As retiradas foram 3,76% maiores do que os investimentos.

Com a incorporação da rentabilidade ao principal investido, entretanto, o patrimônio líquido somado de todos os fundos aumentou 0,2%, atingindo R$ 1,73 trilhão.
A modalidade de fundos multimercados, que aplicam em diversos ativos, liderou as retiradas líquidas em maio, com R$ 10,2 bilhões.

"Contribuiu para esse resultado o resgate aproximado de
R$ 3,5 bilhões referente ao come-cotas", assinalou a Anbima em relatório.
A cada seis meses, os fundos recolhem uma parcela de Imposto de Renda sobre seus
ganhos, chamada de come-cotas.

Os fundos DI, que ganham quando os juros estão em alta, recuaram R$ 2,18 bilhões. Apesar da rentabilidade maior, os aplicadores estão preferindo embolsar o dinheiro, o que é um sinal do seu grau de endividamento.
As aplicações em renda fixa tiveram saque líquido de R$ 3,35 bilhões.

Apesar das retiradas de maio, após o agravamento das dívidas, os fundos ainda acumulam uma captação líquida de R$ 43,7 bilhões no ano, o melhor desempenho para os cinco primeiros meses desde 2006.

No mês, as aplicações em renda fixa foram o destaque positivo em termos de rentabilidade, com ganho de 1,07%.
Na ponta contrária, as carteiras de ações atreladas ao IBrX Ativo, um dos indicadores da Bolsa de Valores de São Paulo, tiveram queda de 2,48%.
O mesmo se deu no apurado em 2011 — a renda teve rentabilidade de 5,02%, enquanto o fundo de ações, retração de 5,87%.

Luz amarela
Na segunda-feira, a Anbima havia divulgado os dados sobre a poupança, que teve resgate líquido de R$ 1,3 bilhão no mês. Somada ao resultado negativo de abril, a retirada chegou a R$ 3 bilhões, o que acendeu a luz amarela.

Existe um consenso entre os analistas de que a fuga dos investidores, que afeta tanto a tradicional caderneta como ativos mais sofisticados, tem como objetivo angariar recursos para a quitação de débitos.
Segundo o Banco Central, os brasileiros devem R$ 806 bilhões a bancos e cooperativas.

Levantamento da Confederação Nacional do Comércio apontou que 64% das famílias estão endividadas e pesquisa da Kantar Worldpane mostrou que 53% delas já têm um passivo maior do que a renda.

Correio Braziliense

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