Seis meses após ser lançada, a política industrial do governo Dilma Rousseff - que a presidente quer vitaminar com novas medidas a serem anunciadas hoje - ainda é uma ilustre desconhecida da grande maioria dos empresários do setor produtivo.
Pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), feita com mais de 300 empresas do setor, revela que 72,4% delas, ou seja, quase três em cada quatro, não conhecem ou estão pouco informadas sobre o chamado Plano Brasil Maior (PBM).
Só 5,4% dos entrevistados disseram ter bons conhecimentos sobre o plano. O grau de conhecimento cresce conforme o porte da empresa. No entanto, nem mesmo as grandes, que têm melhores condições de acesso a informações, estão bem informadas acerca da política industrial. Somente 9,1% das grandes empresas disseram conhecer bem o PBM.
Mesmo entre aqueles que afirmaram conhecer bem o plano, as expectativas sobre a execução das medidas são baixíssimas. Praticamente ninguém acredita que as medidas sairão do papel, enquanto 14,3% creem que serão realizadas em grande parte. Para 85,6%, o grau de implementação será baixo ou nulo.
Para a Fiesp, os resultados reforçam o diagnóstico de que o Plano Brasil Maior é uma política industrial "inócua".
"Precisamos romper de vez com esse modelo que desindustrializa o País e adotar uma política voltada para melhorar a competitividade do Brasil", afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Para ele, o governo já entendeu que a indústria de transformação passa por problemas e está buscando soluções. "Isso é positivo, há muito a ser feito."
A avaliação geral das empresas sobre o Plano Brasil Maior não é nada favorável: 24,9% consideram o plano ruim e 50,7% entendem que é razoável.
Para 24,4%, o PBM é uma boa política.
Na pesquisa, as empresas responderam sobre a importância de cada medida do plano. A resposta predominante foi de que as medidas são irrelevantes. Em média, só 22,4% dos entrevistados consideram as medidas altamente importantes para suas atividades. As demais (77,6%) entendem que elas têm importância média, baixa ou nula para suas atividades.
"As empresas não se interessaram pelo plano porque ele não era abrangente e a maioria das medidas anunciadas impactaram muito pouco o dia a dia das empresas", avaliou José Ricardo Roriz Coelho, diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp.
Para ele, a expectativa é de que o governo anuncie medidas mais contundentes para desonerar os investimentos.
"Ficou tão caro produzir aqui que é mais barato trazer produtos de fora e vender no mercado interno."
MARCELO REHDER O Estado de S. Paulo
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