Está encerrada a temporada de criação de postos de trabalho no país neste ano.
Os levantamentos mais recentes indicam que a geração de novas vagas arrefeceu, e até antes da hora. A situação está longe de ser tão crítica quanto nos países convulsionados da Europa, mas deve inspirar atenção e cuidados.
Em outubro, a geração de empregos formais despencou no país, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho. Foram criados apenas 126 mil postos com carteira assinada, o que equivale a quase 40% menos do que no mesmo período do ano passado.
Foi o pior resultado para o mês desde o fatídico ano de 2008 e tão ruim quanto no recessivo 2003.
Ontem saiu uma nova fornada de dados. O IBGE informou que a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país foi a menor para meses de outubro desde o início da série histórica, em 2002.
Isto é ótimo, mas uma análise mais cuidadosa dos resultados revela aspectos desagradáveis, a começar pela queda da renda média real do trabalhador.
Houve recuo de 0,3% sobre outubro de 2010 - a primeira nesta base de comparação desde janeiro do ano passado - e estabilidade em relação a setembro, quando o indicador recuara 1,8% sobre o mês anterior.
Segundo as análises correntes, o comportamento dos rendimentos reforça a constatação de que o mercado de trabalho já sente na pele os efeitos da desaceleração da atividade econômica.
A perda de fôlego é generalizada, mas é mais marcante na indústria:
nesta altura da temporada, o setor costumeiramente estaria em plena época de contratações. Neste ano, porém, não foi assim e as máquinas começaram a ser desaceleradas antes do previsto.
Pelos números do IBGE, houve redução de 23 mil vagas industriais em outubro - mais abrangente, o Caged mostrara saldo positivo de apenas 5,2 mil no mês.
Em comércio e serviços, que respondem às condições gerais da economia com defasagem maior que a indústria, o mercado de trabalho também já começa a dar sinais de enfraquecimento.
Tudo somado, evaporou a previsão do governo de gerar 3 milhões de novos empregos neste ano.
O Ministério do Trabalho já se dá por satisfeito se atingir 2,4 milhões - o saldo atual está em 2,241 milhões, mas o último bimestre costuma não ajudar.
Desde agosto, pelo menos, há um mergulho muito rápido, para o zero, do ritmo de aumento da ocupação, da renda média do trabalho e da massa salarial. O tombo ficou mais evidente em outubro", comenta Vinicius Torres Freire hoje na Folha de S.Paulo.
Análises mais minuciosas revelam fragilidades várias no nosso mercado de trabalho. Vão desde a predominância da geração de empregos com baixíssimos salários à rotatividade recorde, passando pela precária situação que aflige os mais jovens, que convivem com taxas espanholas de desocupação.
Na prática, o país só tem gerado vagas cujos salários pagos não ultrapassam dois salários mínimos, como mostrou o Valor Econômico na sua edição de anteontem. Acima desta faixa, o que tem ocorrido é o fechamento de postos de trabalho.
As empresas estão demitindo pessoas que ocupam cargos com salários maiores e pagando menos na hora de contratar", avalia o jornal.
Estabilidade no emprego é outro artigo raro no mercado de trabalho brasileiro.
Segundo dados oficiais, divulgados pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a rotatividade de mão de obra é mais alta no Brasil do que em qualquer outro lugar do mundo:
41% da força de trabalho muda de emprego a cada ano, índice que ultrapassa 50% nas faixas salariais mais baixas.
Também é muito alto o percentual de jovens que buscam seu primeiro emprego e não encontram. Na faixa etária de 15 a 17 anos, a taxa de desocupação média está em 22,9%, ou seja, praticamente um de cada quatro brasileiros com esta idade não encontra trabalho.
Na comparação com outubro do ano passado, o desemprego entre os mais jovens cresceu em todas as capitais pesquisadas, exceto em Salvador e no Rio.
Recife e Belo Horizonte exibem as piores marcas:
24,4% de desocupação entre os que têm entre 15 e 17 anos.
Já se sabe que a economia brasileira não cresceu nada no terceiro trimestre - algo que o IBGE deve oficializar no início do próximo mês. Com os ventos frios que sopram da Europa e dos EUA, a situação tende a ficar um pouco pior daqui para a frente.
Para o Brasil, o mais importante na temporada bicuda que se prenuncia é lutar para preservar os empregos.
O bolso é sempre onde as crises mais doem.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Os levantamentos mais recentes indicam que a geração de novas vagas arrefeceu, e até antes da hora. A situação está longe de ser tão crítica quanto nos países convulsionados da Europa, mas deve inspirar atenção e cuidados.
Em outubro, a geração de empregos formais despencou no país, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho. Foram criados apenas 126 mil postos com carteira assinada, o que equivale a quase 40% menos do que no mesmo período do ano passado.
Foi o pior resultado para o mês desde o fatídico ano de 2008 e tão ruim quanto no recessivo 2003.
Ontem saiu uma nova fornada de dados. O IBGE informou que a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país foi a menor para meses de outubro desde o início da série histórica, em 2002.
Isto é ótimo, mas uma análise mais cuidadosa dos resultados revela aspectos desagradáveis, a começar pela queda da renda média real do trabalhador.
Houve recuo de 0,3% sobre outubro de 2010 - a primeira nesta base de comparação desde janeiro do ano passado - e estabilidade em relação a setembro, quando o indicador recuara 1,8% sobre o mês anterior.
Segundo as análises correntes, o comportamento dos rendimentos reforça a constatação de que o mercado de trabalho já sente na pele os efeitos da desaceleração da atividade econômica.
A perda de fôlego é generalizada, mas é mais marcante na indústria:
nesta altura da temporada, o setor costumeiramente estaria em plena época de contratações. Neste ano, porém, não foi assim e as máquinas começaram a ser desaceleradas antes do previsto.
Pelos números do IBGE, houve redução de 23 mil vagas industriais em outubro - mais abrangente, o Caged mostrara saldo positivo de apenas 5,2 mil no mês.
Em comércio e serviços, que respondem às condições gerais da economia com defasagem maior que a indústria, o mercado de trabalho também já começa a dar sinais de enfraquecimento.
Tudo somado, evaporou a previsão do governo de gerar 3 milhões de novos empregos neste ano.
O Ministério do Trabalho já se dá por satisfeito se atingir 2,4 milhões - o saldo atual está em 2,241 milhões, mas o último bimestre costuma não ajudar.
Desde agosto, pelo menos, há um mergulho muito rápido, para o zero, do ritmo de aumento da ocupação, da renda média do trabalho e da massa salarial. O tombo ficou mais evidente em outubro", comenta Vinicius Torres Freire hoje na Folha de S.Paulo.
Análises mais minuciosas revelam fragilidades várias no nosso mercado de trabalho. Vão desde a predominância da geração de empregos com baixíssimos salários à rotatividade recorde, passando pela precária situação que aflige os mais jovens, que convivem com taxas espanholas de desocupação.
Na prática, o país só tem gerado vagas cujos salários pagos não ultrapassam dois salários mínimos, como mostrou o Valor Econômico na sua edição de anteontem. Acima desta faixa, o que tem ocorrido é o fechamento de postos de trabalho.
As empresas estão demitindo pessoas que ocupam cargos com salários maiores e pagando menos na hora de contratar", avalia o jornal.
Estabilidade no emprego é outro artigo raro no mercado de trabalho brasileiro.
Segundo dados oficiais, divulgados pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a rotatividade de mão de obra é mais alta no Brasil do que em qualquer outro lugar do mundo:
41% da força de trabalho muda de emprego a cada ano, índice que ultrapassa 50% nas faixas salariais mais baixas.
Também é muito alto o percentual de jovens que buscam seu primeiro emprego e não encontram. Na faixa etária de 15 a 17 anos, a taxa de desocupação média está em 22,9%, ou seja, praticamente um de cada quatro brasileiros com esta idade não encontra trabalho.
Na comparação com outubro do ano passado, o desemprego entre os mais jovens cresceu em todas as capitais pesquisadas, exceto em Salvador e no Rio.
Recife e Belo Horizonte exibem as piores marcas:
24,4% de desocupação entre os que têm entre 15 e 17 anos.
Já se sabe que a economia brasileira não cresceu nada no terceiro trimestre - algo que o IBGE deve oficializar no início do próximo mês. Com os ventos frios que sopram da Europa e dos EUA, a situação tende a ficar um pouco pior daqui para a frente.
Para o Brasil, o mais importante na temporada bicuda que se prenuncia é lutar para preservar os empregos.
O bolso é sempre onde as crises mais doem.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
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