"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 30, 2011

PETROBRAS : Após fracassar em 2010 e adiar o objetivo para este ano, não deverá atingir pelo segundo ano consecutivo a meta interna de produzir 2,1 milhões de barris de petróleo por dia em território nacional.


A empresa deixará de produzir neste ano o equivalente a pelo menos 2,5% da oferta nacional de petróleo. Apesar de ter investido mais de R$ 50 bilhões entre janeiro e setembro, a Petrobrás tem quase o mesmo volume de produção de 2010.

Até o piso da meta da Petrobrás, de 2,050 milhões de barris diários, não deverá ser alcançado, projeção que ganhou força após a divulgação dos dados de outubro.


A maior dificuldade é a demora na entrega de equipamentos de exploração e produção, principalmente sondas. Segundo o diretor financeiro, Almir Barbassa, a estatal deverá receber 15 unidades de perfuração de águas profundas em 2012, o que ampliaria o número de sondas para 38.

"Isso permitirá não só um ramp up (aumento de produção) mais rápido das plataformas como um crescimento mais acelerado da produção do pré-sal", afirmou, em apresentação recente a analistas e investidores.


Com a chegada de novas sondas, a Petrobrás planeja acelerar o ritmo das atividades e eliminar o gargalo nos investimentos. Em 2011, segundo Barbassa, a estatal não conseguirá atingir a meta de investir R$ 84,7 bilhões.

"Esperamos que fique mais ou menos no mesmo nível do ano passado", ressaltou, comparando com os R$ 76,4 bilhões de 2010.


Outra barreira para que a produção não volte a ter crescimento discreto em 2012 são as paradas não programadas na produção. Elas ocorrem, muitas vezes, por inspeções inesperadas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Para contornar a situação, a Petrobrás obteve um acordo que deverá garantir maior previsibilidade às operações.


A possibilidade cada vez maior de que a Petrobrás não consiga atingir nem mesmo o piso da meta é vista com conformismo por analistas.

"Não é novidade que a companhia divulgue uma meta e não a alcance", diz o analista da SLW Corretora, Erick Scott.
"A situação passou a ser recorrente", diz o analista do Banco Geração Futuro, Lucas Brendler.


O desempenho abaixo do esperado nos últimos anos também sustenta a projeção pessimista do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, para quem a meta da Petrobrás, de produzir quase 5 milhões de barris por dia em 2020, não será alcançada.

"Do jeito que está, acredito que a companhia produzirá entre 30% e 40% a menos do que essa meta."


O potencial de crescimento de produção deverá ser mais bem dimensionado no ano que vem, quando cinco novos sistemas entrarão em operação.

Juntos, devem adicionar 414 mil barris diários de petróleo à capacidade de produção da estatal, o que equivale a cerca de um quinto da atual produção brasileira de petróleo.
André Magnabosco O Globo

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