"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 12, 2009

SINTO VERGONHA DE MIM

Sinto vergonha de mim
Por ter sido educador de parte deste povo
Por ter batalhado sempre pela justiça
Por compactuar com a honestidade
Por primar pela verdade
E por ver este povo já chamado de varonil
Enveredar pelo caminho da desonra
Sinto vergonha de mim
Por ter feito parte de uma era
Que lutou pela democracia
Pela liberdade de ser e ter
E entregar aos meus filhos
Simples e abominavelmente a derrota das virtudes
Pelos vícios, a ausência da sensatez
E o julgamento da verdade
A negligência com a família
Célula matre da sociedade
A demasiada preocupação com o eu
Feliz a qualquer custo
Buscando a tal felicidade nos caminhos eivados
De desrespeitos para com o seu próximo
Tenho vergonha de mim
Pela passividade de ouvir sem despejar
Meu verbo a tantas desculpas ditadas
Pelo orgulho e vaidades
Para reconhecer um erro cometido
A tantos floreios para justificar atos criminosos
A tanta relutância em esquecer
Antiga posição de sempre conquistar
Voltar atrás e mudar o futuro
Ah! Tenho vergonha de mim
Que faço parte de um povo que não reconheço
Enveredando por caminhos que não quero percorrer
Eu tenho vergonha da minha impotência
Da minha falta de garra
Das minhas ilusões
E do meu cansaço
Não tenho para onde ir
Pois amo este meu chão
Vibro ao ouvir meu hino
Jamais usei minha bandeira
Para enxugar meu suor ou enrolar meu corpo
Na pecaminosa manifestação de nacionalidade
Ao lado da vergonha de mim
Tenho pena, tanta pena de ti povo brasileiro
De tanto ver triunfar as nulidades
De tanto ver prosperar a desonra
De tanto ver crescer a injustiça
De tanto ver agigantar o poder nas mãos dos maus
O homem chega a desanimar
Da virtude
A rir-se da honra
A ter vergonha
DE SER HONESTO
(FALAS DE CLEIDE CANTON)

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