O carro flex, capaz de ser movido a etanol ou a gasolina, que tanto sucesso faz no Brasil, não parece ser a primeira opção em mercados do primeiro mundo.
Análise divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sinaliza que nos países desenvolvidos, em especial na Europa, firma-se a preferência pelos carros elétricos.
A Agência Ambiental Europeia projeta que os veículos movidos a eletricidade vão corresponder a 60% das vendas no continente até 2050 (o que equivalerá a 25% da frota mundial). A Reunault-Nissan chega a estimar que em 2020 os veículos elétricos representarão 10% da frota do mundo.
Os dados fazem parte do estudo "Etanol e Veículos Elétricos: via de mão única ou dupla?" da série de estudos “Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior”, produzidos regularmente pelo Ipea.
Barreiras estruturais e geopolíticas
A avaliação técnica do Ipea leva em consideração tendências de mercado em países mais ricos, em especial os da Europa. Lá impera uma forte pressão contra a redução das emissões de gases de efeito estufa, o que acelera a adoção de tecnologias limpas.
O setor de transporte responde sozinho por um quinto das emissões – e a maior parte delas vem dos carros usados em centros urbanos para o transporte individual do trabalho para casa.
Cerca de 80% das viagens tem menos de 20 quilômetros. É essa realidade, segundo o estudo, que favorece os veículos impulsionados pela eletricidade.
“Os automóveis elétricos são mais eficientes que os movidos a motores de combustão interna no tráfego urbano, em especial quando em baixas velocidades e constantes acelerações e frenagens", diz o texto do Ipea.
Como os carros elétricos são próprios para trajetos curtos dentro das cidades, começam a ser vistos como a alternativa mais viável. Estudos recentes estimam que a troca dos carros com motor a combustão pelos carros elétricos reduziriam em 50% as emissões no continente europeu.
Competição com alimentos
Outro entrave é o temor de que os biocombustíveis possam tomar a área cultivada, bem como os estoques, de culturas utilizadas como alimento.
Ainda que esse receio não se aplique à cana-de-açúcar, é perfeitamente factível em relação a grãos como milho e trigo, base da produção de etanol nos Estados Unidos e na Europa.
A correlação entre cana e grãos, ainda que errônea, prejudica a imagem do etanol perante a opinião pública.
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