A queda na produção industrial está acentuando seu efeito sobre o mercado de trabalho. O emprego do setor recuou 0,3% sobre abril, o terceiro mês consecutivo na comparação com o mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na mesma comparação, o custo da folha real de salários caiu fortemente - 2,5% em relação a abril, também a terceira queda na comparação mensal com ajuste sazonal.
Os dados do IBGE mostram que o emprego começa a seguir mais de perto o comportamento negativo da atividade industrial. Enquanto a ocupação acumula queda de 1,1% na comparação com os primeiros cinco meses de 2011, a produção da indústria caiu 3,4%.
Nesse período, o setor ainda não sentiu o alívio do custo salarial, pois a folha de pagamentos ficou 3,8% superior ao início de 2011.
O reflexo da produção, que cai desde o ano passado, demorou a chegar ao nível de emprego devido a uma defasagem natural dessa variável em relação à produção, mas também porque os setores seguraram as demissões, considerando os gastos e a dificuldade de contratar e treinar pessoal.
Agora, com a produção em queda, empresários veem a necessidade de retomar ganhos de produtividade - ou diminuir as perdas - fazendo ajustes no quadro de funcionários, avaliam economistas.
Para Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, os empresários passaram a concentrar preocupações na retomada da produtividade uma vez que a produção não dá sinais de uma recuperação vigorosa ainda em 2013.
"O emprego vai continuar caindo, até porque houve essa queda da produtividade nos últimos meses. A indústria contratou durante um bom tempo, enquanto a produção diminuía", diz Silveira.
"Os empresários não acreditam mais em uma retomada tão forte no segundo semestre e começaram a ajustar o quadro de funcionários à expectativa de produção futura."
A produtividade da indústria caiu 0,3% em maio, frente a abril deste ano. Segundo a Pimes, o pessoal ocupado na indústria caiu 0,3% em maio, ante abril, com ajuste sazonal, e o número de horas pagas caiu 0,6% na mesma comparação.
Na semana passada, o IBGE divulgou que a produção de maio recuou 0,9% ante abril, também com ajuste sazonal.
A indústria apresenta um quadro "predominantemente negativo" tanto na atividade quanto no emprego, segundo o economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo. Para ele, não é possível o emprego industrial se recuperar enquanto não houver retomada no nível de atividade.
O obstáculo para esta retomada continua a ser uma série de fatores que não foram equalizados em maio, como o alto nível de estoques, a concorrência acirrada com importados e os níveis elevados de inadimplência e endividamento por parte dos consumidores - o que prejudica a demanda interna.
A continuidade da trajetória de queda no emprego industrial se refletiu também na queda de 2,5% no valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria em maio ante abril, a mais intensa nesta comparação desde dezembro de 2010 (-3,0%).
A recuperação do emprego industrial não virá antes do quarto trimestre, segundo Julio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Ele explica que a variável emprego reage com defasagem à produção industrial, e uma retomada da atividade só deve ser verificada em julho.
"O emprego industrial vai continuar caindo, ou, se crescer, será muito pouco nos próximos quatro meses. Os empresários precisam interpretar que o aumento da produção, quando vier, será sustentável. O setor automotivo já deu algum sinal de melhoria", diz.
Almeida observa que a queda do emprego poderia ser bem maior não fosse a contrapartida pedida pelo governo para que setores beneficiados por medidas de estímulo não demitam. Ele lembra que falta mão de obra qualificada ainda influi na decisão dos empresários de manter ao menos parte dos empregados.
"As empresas se recusavam a demitir, porque tiveram um custo alto para treinar seus funcionários", explica. Para Silveira, da RC Consultores, os empresários da indústria adiam desde o início do ano suas perspectivas para a retomada do setor.
Caio Machado, da LCA Consultores, aponta para a deficiência de alguns setores mais expostos à concorrência com os importados, como têxtil, calçados e automotivo. Neles, o emprego recua mais fortemente. Na indústria têxtil, o nível de emprego em maio caiu 5,7% na comparação com maio de 2011.
Em calçados, recuou 7,1% ante maio do ano passado. Na indústria de fabricação de meios de transporte, a queda foi de 1,9%.
Carlos Giffoni e Alessandra Saraiva | De São Paulo e do Rio Valor Econômico
Na mesma comparação, o custo da folha real de salários caiu fortemente - 2,5% em relação a abril, também a terceira queda na comparação mensal com ajuste sazonal.
Os dados do IBGE mostram que o emprego começa a seguir mais de perto o comportamento negativo da atividade industrial. Enquanto a ocupação acumula queda de 1,1% na comparação com os primeiros cinco meses de 2011, a produção da indústria caiu 3,4%.
Nesse período, o setor ainda não sentiu o alívio do custo salarial, pois a folha de pagamentos ficou 3,8% superior ao início de 2011.
O reflexo da produção, que cai desde o ano passado, demorou a chegar ao nível de emprego devido a uma defasagem natural dessa variável em relação à produção, mas também porque os setores seguraram as demissões, considerando os gastos e a dificuldade de contratar e treinar pessoal.
Agora, com a produção em queda, empresários veem a necessidade de retomar ganhos de produtividade - ou diminuir as perdas - fazendo ajustes no quadro de funcionários, avaliam economistas.
Para Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, os empresários passaram a concentrar preocupações na retomada da produtividade uma vez que a produção não dá sinais de uma recuperação vigorosa ainda em 2013.
"O emprego vai continuar caindo, até porque houve essa queda da produtividade nos últimos meses. A indústria contratou durante um bom tempo, enquanto a produção diminuía", diz Silveira.
"Os empresários não acreditam mais em uma retomada tão forte no segundo semestre e começaram a ajustar o quadro de funcionários à expectativa de produção futura."
A produtividade da indústria caiu 0,3% em maio, frente a abril deste ano. Segundo a Pimes, o pessoal ocupado na indústria caiu 0,3% em maio, ante abril, com ajuste sazonal, e o número de horas pagas caiu 0,6% na mesma comparação.
Na semana passada, o IBGE divulgou que a produção de maio recuou 0,9% ante abril, também com ajuste sazonal.
A indústria apresenta um quadro "predominantemente negativo" tanto na atividade quanto no emprego, segundo o economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo. Para ele, não é possível o emprego industrial se recuperar enquanto não houver retomada no nível de atividade.
O obstáculo para esta retomada continua a ser uma série de fatores que não foram equalizados em maio, como o alto nível de estoques, a concorrência acirrada com importados e os níveis elevados de inadimplência e endividamento por parte dos consumidores - o que prejudica a demanda interna.
A continuidade da trajetória de queda no emprego industrial se refletiu também na queda de 2,5% no valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria em maio ante abril, a mais intensa nesta comparação desde dezembro de 2010 (-3,0%).
A recuperação do emprego industrial não virá antes do quarto trimestre, segundo Julio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Ele explica que a variável emprego reage com defasagem à produção industrial, e uma retomada da atividade só deve ser verificada em julho.
"O emprego industrial vai continuar caindo, ou, se crescer, será muito pouco nos próximos quatro meses. Os empresários precisam interpretar que o aumento da produção, quando vier, será sustentável. O setor automotivo já deu algum sinal de melhoria", diz.
Almeida observa que a queda do emprego poderia ser bem maior não fosse a contrapartida pedida pelo governo para que setores beneficiados por medidas de estímulo não demitam. Ele lembra que falta mão de obra qualificada ainda influi na decisão dos empresários de manter ao menos parte dos empregados.
"As empresas se recusavam a demitir, porque tiveram um custo alto para treinar seus funcionários", explica. Para Silveira, da RC Consultores, os empresários da indústria adiam desde o início do ano suas perspectivas para a retomada do setor.
Caio Machado, da LCA Consultores, aponta para a deficiência de alguns setores mais expostos à concorrência com os importados, como têxtil, calçados e automotivo. Neles, o emprego recua mais fortemente. Na indústria têxtil, o nível de emprego em maio caiu 5,7% na comparação com maio de 2011.
Em calçados, recuou 7,1% ante maio do ano passado. Na indústria de fabricação de meios de transporte, a queda foi de 1,9%.
Carlos Giffoni e Alessandra Saraiva | De São Paulo e do Rio Valor Econômico
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