"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 08, 2011

MUITO BOM! LEIAM : Continua a farsa da supergerente. AQUELA DO NÃO MENOS FARSANTE, O CACHACEIRO ASQUEROSO. AQUI NUNCA ENGANARAM."ROUBEM À VONTADE MAS NOS POUPEM"

Ilustrados pela foto do auditório auditório deserto, quatro trechos pinçados por Celso Arnaldo Araújo foram suficientes para escancarar de novo, sempre com apavorante nitidez, a superlativa mediocridade de Dilma Rousseff.

Mas o jornalismo oficialista é duro na queda: colunistas de grandes jornais continuam enxergando na chefia do governo a supergerente que nunca existiu. Justificadamente espantado com o que a turma andou escrevendo sobre a presidente que não diz coisa com coisa, Celso Arnaldo valeu-se de outro texto irretocável para tratar da epidemia de cegueira voluntária. (AN)

As dezenas de profissionais que integram a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República são pagos para defender a chefe.
E não há melhor forma de defesa do que a mistificaçãoarte de mentir sem faltar com a verdade, que no caso é uma questão de crença pessoal.

Por isso, não questiono jamais o tom e o teor das matérias do Blog do Planalto, que faz um trabalho parecido com o website oficial da monarquia britânica. Nós pagamos para essa gente defender a rainha. É a regra do jogo.

Mas a coisa muda de figura quando a tarefa de mistificar o perfil de Dilma se estende à nata de nosso jornalismo político – que, depois de dez desastrosos meses de governo, continua comprando, e vendendo aos leitores, a velha farsa de Dilma como a supergerente que comandou a escalada do Brasil das cavernas para o Primeiro Mundo, no governo Lula.

Na página A11 da Folha deste domingo, o sempre comedido Fernando Rodrigues ainda insiste no surrado mito, desmontado a cada razia da mídia no ministério da presidente, da chairwoman perfeccionista, onipresente e onisciente, perto de quem Steve Jobs se pareceria com o dono de uma falida oficina de máquinas de escrever.

Escreve FR, a pretexto de justificar o ritmo lento, quase parado, com que o governo toma decisões e implementa programas fartamente anunciados pela máquina de propaganda:
“Não há hipótese de a presidente receber algum interlocutor para tratar de alguma obra ou projeto governamental sem estar devidamente brifada a respeito
(…)
Dilma raramente vai se contentar com primeiras explicações. Fará perguntas adicionais e o encarregado terá de voltar aos estudos”.

Que lindo.
A presidente não se contenta com primeiras explicações, mas achou o programa Segundo Tempo mais perfeito que uma jogada de Neymar – aquele que “eu vi, deixei de ver, voltei a ver”.

Quem a brifou? Na certa, Orlando, depois de estudar muito o modus operandi dos ongueiros amigos.


Não fosse VEJA, o encarregado Orlando e sua quadrilha de malandros que roubam por esporte estariam ainda na zona do agrião, livres de marcação para estufar o cofre.

Quantos níveis de explicações – segundas, terceiras, quartas? – Dilma exigiu para compreender a tática “ladrão de bola” do Segundo Tempo?

Não é só.
Ao lado da “análise” de FR na Folha há outro texto, assinado por Natuza Nery, que traz o seguinte olho:
“Dilma criou ritual de ‘espancamento’ de projetos, em que faz questionamentos para ver se a ideia fica de pé”.

Quem, em sã consciência, de posse de suas faculdades mentais e decentes, realmente acredita nessa imagem tão pífia? Essa postura “épica-ética” de governar combina com os 10 meses da Presidência Dilma?

Não fosse a imprensa, a roubalheira dos projetos de ministérios até aqui implodidos ainda estaria de pé, apesar de cruelmente “espancados” por Dilma.
A mistificação se ramifica por todos os segmentos da mídia.

No circuito Elizabeth Arden, a revista Poder dedica sua capa a Dilma.
Mas a presidente manchetada na capa se parece com a que tomou posse em janeiro, não com a que vaza um ministro por corrupção a cada mês e meio:
SENHORA DO DESTINORigorosa com subordinados e aliados, elogiada até pela oposição, como a presidente Dilma vem mudando o jeito de governar o país.


Qual é, exatamente, o novo jeito de governar dessa mocinha da novela das 9?
O jeito de entregar ministérios com porteira fechada a larápios da base aliada? O jeito de levar a sério a promessa de construir 6 mil creches em quatro anos de governo? Madame, by the way, já inaugurou alguma, nesses 10 meses?

No corpo da matéria de oito páginas, a revista explica esse jeito novo de governar o país, reproduzindo fielmente o delírio de um assessor direto:
A presidente só faz perguntas difíceis. Na hora de despachar, é melhor estar preparadíssimo para respondê-la, caso contrário, é bronca na certa”.

Notaram?
É preciso estar preparado para “respondê-la” — bem ao estilo Dilma.

Um assessor com algum nível deveria estar preparado para responder ou responder a ela.
Na verdade, a presidente só faz perguntas difíceis porque não sabe fazê-las fáceis.

Quando se leu ou se ouviu em algum lugar uma pergunta ou uma resposta de Dilma que fosse fácil de fazer sentido?
É o caso de dizer:
roubem à vontade – mas nos poupem.

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