"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 19, 2012

ENQUANTO ISSO NO brasil maravilha dos FARSANTES DA GERENTONA/EXTRAORDINÁRIA : É pagar caro ou correr o risco de apagão. OU : Paga ou apaga


Enquanto a presidente Dilma promete baratear a conta de luz, o dirigente do ONS — órgão que coordena o setor elétrico no país —,Hermes Fonseca, faz um alerta. Segundo ele, se não houver aumento nas tarifas de energia, o Brasil terá de conviver com novos apagões. 
E por muito tempo.
Dirigente do órgão que coordena o sistema elétrico diz que, para evitar apagões, seria preciso aumentar as contas de luz

Os brasileiros terão que conviver por um longo tempo com o risco de novos apagões no fornecimento de energia, de acordo com o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Segundo ele, a solução para os constantes blecautes que têm afetado grandes áreas do país passa pela construção de um conjunto de novas linhas de transmissão.
 Porém, o governo não tem como autorizar as obras no ritmo necessário porque a conta de luz subiria "assustadoramente".

"É preciso haver equilíbrio entre a segurança do sistema e os custos dos investimentos. Os projetos não podem ser feitos todos ao mesmo tempo porque a tarifa iria lá para cima. Por isso, temos de correr risco em alguns lugares", disse Chipp, ao chegar, ontem, ao Ministério de Minas e Energia para participar de reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).


O alerta do diretor do ONS, que é órgão responsável por coordenar e controlar as operações do setor, não é novidade para os especialistas. De acordo com Luiz Vicente Gentil, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), as sucessivas falhas nos últimos anos evidenciam a fragilidade da malha nacional de transmissão de energia.
 "Temos uma rede de 103 mil quilômetros que, em muitos pontos, é vulnerável a ocorrências como raios e queimadas", disse ele ao Correio.

Além disso, segundo Gentil, o crescimento da demanda não tem sido acompanhado pelos investimentos necessários na expansão e na melhoria do sistema. Se nada for feito, advertiu, o país pode repetir a crise de 2001, quando o governo se viu obrigado a impor um racionamento para evitar que o segmento entrasse em colapso.

Apenas nos últimos três meses, o ONS registrou seis grandes apagões. Em 25 de outubro, 50 milhões de pessoas ficaram sem luz por várias horas em 11 estados do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. O mais recente aconteceu no último sábado, quando uma falha num subestação de Furnas em Itumbiara (GO) retirou 8,8 mil megawatts (MW) do sistema e deixou no escuro, por quase uma hora, parte da população de 12 estados, entre eles Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

A causa do problema ainda não foi identificada, mas Chipp negou que tenha havido falta de manutenção de equipamentos da rede elétrica. Ele admitiu, no entanto, que "algumas subestações não têm a configuração mais adequada" para a atual realidade da demanda por energia. E lembrou que o governo já determinou uma varredura em todo o sistema nacional de transmissão para identificar os pontos mais críticos.
Investimentos
Além de colocar o consumidor diante do dilema de pagar mais pela energia ou conviver com os blecautes, as declarações de Hermes Chipp lançaram dúvidas sobre o acerto da estratégia colocada em marcha pelo governo para obter uma redução média de 20% nas contas de luz, a partir de fevereiro.
Para conseguir esse objetivo, a presidente Dilma Rousseff baixou em setembro a Medida Provisória 579, que ofereceu às empresas de energia com concessões a vencer entre 2015 e 2017 a possibilidade de antecipar a renovação dos contratos por um prazo de 30 anos.

Em troca da prorrogação, as empresas tiveram que aceitar uma redução de até 70% nas receitas, o que, para muitos especialistas, pode comprometer a capacidade de investimento de geradoras e transmissoras exatamente no momento em que eles são mais necessários, diante da insegurança apresentada pelo sistema elétrico.

Ontem, a MP foi aprovada pelo Senado, depois de ter passado pela Câmara dos Deputados, praticamente sem alterações. O texto vai agora para a sanção da presidente, que tem o caminho aberto para reduzir as tarifas.

Chipp, no entanto, avaliou que a MP não prejudicará os investimentos. Todas as transmissoras afetadas aceitaram a proposta do governo, depois que o Planalto se comprometeu a pagar a elas uma indenização de cerca de R$ 23 bilhões pelos ativos ainda não amortizados.

O problema, de acordo com o diretor-geral do ONS, é que os leilões feitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para contratar a construção de novas linhas de transmissão não estão atendendo as necessidades do setor. "Você vê leilão para oito, nove linhas. Mas os relatórios de planejamento do ONS recomendam que é preciso muito mais", disse Chipp. "Porém, não é possível fazer tudo de uma vez só, senão a tarifa vai lá para cima", reiterou.

Se o país tivesse uma rede mais extensa de linhas de transmissão, o risco de apagões diminuiria porque haveria mais canais por onde a energia poderia escoar, explicou o executivo. Desse modo, em caso de falha em uma determinada linha, outras poderiam garantir a continuidade do fornecimento. Ele observou ainda que, embora o país esteja construindo usinas que produzirão energia mais barata, como a de Belo Monte, no Pará, os projetos ficam muito distantes dos grandes centros consumidores, exigindo linhas de transmissão muito longas, que, consequentemente, têm maior risco.


» 4,5 mil km em leilão

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) habilitou 15 proponentes, sendo seis consórcios, para o leilão de transmissão de energia que ocorre nesta quarta-feira. Serão licitadas linhas do denominado "Pré-Belo Monte", sistemas que darão suporte ao escoamento da energia da usina localizada no Pará. 
O leilão contará com oito lotes, no total de 4.445km, e 1.940 megavolt-amperes (MVA) de potência em subestações — instalações localizadas em 11 estados, que vão demandar investimentos de cerca de R$ 4,3 bilhões. Entre as empresas habilitadas para participar individualmente, estão Copel, CPFL, Abengoa, Alupar, Cobra Instalaciones, Cimy Holding, Elecnor, Sistema de Transmissão Nordeste e Taesa, essa última do grupo Cemig. 
As empresas da Eletrobras também estão presentes entre as habilitadas, mas formando consórcios com outras companhias.
Correio Braziliense 

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