"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 18, 2012

SEM "MARQUETINGUE" II ! GERENTONA MOSTRANDO "SERVIÇO" : Com expansão de 12%, déficit em serviços atinge US$ 16 bi

Enquanto o superávit da balança de bens do país está diminuindo em relação ao ano passado, o saldo negativo do comércio de serviços vem aumentando.

No acumulado de janeiro a maio, com relação ao mesmo período de 2011, o Brasil importou 12% a mais de serviços, fazendo o déficit alcançar US$ 16,3 bilhões (também 12% de alta) e pressionar o balanço de pagamentos.


O acréscimo, no entanto, é menor do que os 35% verificados no mesmo período do ano passado em relação a 2010, refletindo em parte a desaceleração da economia. Os analistas apontam, porém, que como 69% do saldo negativo foi originado por aluguel de equipamentos e transportes, que atendem setores com grande dependência de importações, não há perspectiva de diminuição sensível do ritmo de expansão do déficit até o fim do ano.

Eles também não esperam reversão dessa tendência negativa em um futuro próximo.

As exportações somaram US$ 16,9 bilhões, e aumentaram na mesma proporção que as importações. Em 2011, as compras cresceram 28% e as vendas, 22%.

A desaceleração nas duas pontas da balança de serviços é efeito de uma causa maior, segundo Silvio de Campos Neto, da Tendências Consultoria. O baixo ritmo de crescimento da economia mundial torna mais difícil o aumento das exportações em todos os setores. Por outro lado, a redução da atividade econômica interna do país, também ocasionada em parte pelo cenário externo, demanda menos serviços, impactando as importações. "Não há discrepância entre os cenários", disse.

O peso maior no resultado foi o de aluguel de equipamentos. As compras estão fortemente ligadas à Petrobras, que precisa do maquinário para seguir expandindo a produção, assim como empresas ligadas ao setor de infraestrutura. O déficit em aluguel subiu mais que a média geral de janeiro a maio ao atingir US$ 7,7 bilhões - 21% a mais do que em 2011.

O setor de transportes também é dependente da própria dinâmica interna da economia e, a exemplo do aluguel de equipamentos, deve continuar com um déficit significativo. Os dados do Banco Central mostram que o saldo negativo ficou em US$ 3,5 bilhões, cifra 19% maior que ano passado.

Juntos, os dois setores formaram a base do resultado dos cinco primeiros meses do ano, mostrando o caráter estrutural do déficit na balança de serviços, segundo Welber Barral, sócio da Barral M Jorge.

"Temos um problema histórico. Toda a logística de comércio exterior, por exemplo, é feita por estrangeiros. Também são consideráveis as remessas de royalties para fora do país", afirmou.

Até o fim do ano apenas um segmento deve ter uma diminuição mais sensível no ritmo do aumento das importações. Com o câmbio desvalorizado, viagens internacionais não deve ver o déficit de US$ 6 bilhões crescer substancialmente. "As famílias estão mais endividadas e consumindo menos", disse o economista da LCA Consultores Francisco Pessoa. Na comparação com o ano passado, o saldo negativo no setor avançou 7,8%.

Para ele, as condições da economia vão ter efeito limitado na redução do ritmo do crescimento do déficit na balança global de serviços. "Há um descolamento da economia em relação ao setor de petróleo e infraestrutura que impede a queda dos aluguéis. Transportes também não vai ceder."

Apesar de o superávit da balança comercial ter caído 26,5% nos cinco primeiros meses do ano em relação ao ano passado e chegado a US$ 6,3 bilhões, a corrente de comércio aumentou 4,5%, influenciando a necessidade de fretes.

Não bastassem os setores onde há deficiências de empresas brasileiras para competir, nos segmentos onde o país possui competência para vender serviços não há um movimento que indique mudança, segundo Barral.

"Como compensar os setores em que não vai haver recuo da demanda para equilibrar a balança?

Teríamos que ir mais ao exterior, mas não conseguimos. Serviços bancários e tecnologia da informação, em que somos muito competitivos, quase não exportamos", disse para depois completar:
"É um grande desafio para o país."

Rodrigo Pedroso | De São Paulo Valor Econômico

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