A saída de dólares voltou a superar as entradas neste mês, de acordo com dados apurados pelo Banco Central (BC) até o dia 13. Nos últimos dois dias da semana passada, o saldo se reverteu e ficou negativo, resultando em saldo cambial negativo em US$ 212 milhões neste mês, com o saldo entre as operações de importação e exportação negativo.
Esse saldo é resultado de déficit de US$ 1,010 bilhão na conta comercial (as exportações somam US$ 6,234 bilhões e as importações US$ 7,244 bilhões), e superávit nas operações financeiras de US$ 798 milhões (compras de US$ 11,422 bilhões e vendas de US$ 10,624 bilhões).
De acordo com o economista Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências, o fluxo financeiro mostra como anda o humor dos investidores estrangeiros em relação a ativos brasileiros.
- O saldo nas operações financeiras ainda está positivo, o que mostra que não há uma fuga de ativos brasileiros. Mas a entrada é bem menor do que vimos no início do ano. O fluxo financeiro de recursos estrangeiros começou a diminuir em março, depois que o governo adotou medidas para frear o capital especulativo, como o aumento do Imposto sobre Operações Finaceiras (IOF) em empréstimos externos. O resultado também mostra a cautela no cenário externo, com pouco espaço para posições de maior risco - explica o economista.
Já o déficit de mais de US$ 1 bilhão nas transações comerciais é, segundo o economista da Tendências, mais um ajuste técnico, do que propriamente uma mudança radicial na balança comercial.
- Não houve uma mudança estrutural na dinâmica da balança comercial. É só uma questão de ajuste. Houve uma sequência de entradas fortes em abril e maio, tentando se antecipar a possíveis restrições do governo. Aconteceu uma antecipação de pagamentos nesses meses e isso sempre causa algum ruído nos números da balança comercial - avalia Campos Neto.
A Associação dos Exportadores Brasileiros (AEB) prevê que as exportações, este ano, devem somar US$ 237 bilhões, com queda de 7,4% em relação a 2011. Já as importações devem totalizar US$ 229 bilhões, um aumento de 1,2%. No ano passado, o saldo de exportações e importações fiou positivo em US$ 30 bilhões. Neste ano, segundo previsão da AEB, deve ficar em US$ 8 bilhões. Na estimativa do governo, o superávit deve ser de US$ 15 bilhões.
Ao final de junho, mais dólares entraram no país do que saíram, e o saldo foi positivo em US$ 318 milhões. Ao longo desde mês, as compras de dólares ajudaram a manter o saldo positivo na segunda semana do mês, mas vendas de moeda em valores maiores que US$ 1 bilhão por dia foram apuradas no final da semana passada, revertendo o saldo financeiro.
No ano, as entradas de dólares superam as saídas em US$ 22,731 bilhões, com saldo comercial superavitário em US$ 19,124 bilhões e saldo financeiro positivo em US$ 3,607 bilhões.
O Globo
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