"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 03, 2012

'Problema burocrático' adia análise de consultoria de Pimentel

Comissão de Ética da Presidência reconhece atraso na chegada de ofício que daria parecer também sobre jatinho

Um suposto "problema burocrático" atrasou o encaminhamento de ofício solicitando esclarecimentos ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, o que levou ao adiamento da apreciação dos casos envolvendo os negócios de consultoria do ministro e o fretamento de um jatinho para viagem à Europa, disse ontem o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Sepúlveda Pertence.

Reunião.
Os conselheiros reuniram-se ontem no Palácio do Planalto. Na última reunião, em junho passado, o conselheiro Fábio Coutinho defendeu a imposição de advertência a Pimentel, por causa de seus milionários negócios de consultoria.

Apesar do voto favorável de Coutinho e da conselheira Marília Muricy, os demais membros da comissão optaram por pedir mais esclarecimentos a Pimentel - foi a terceira vez que o ministro teve de dar explicações sobre as consultorias.


Questionado se a decisão sobre Pimentel sairia hoje, Pertence comentou:
"(Houve) problemas burocráticos, um dia a secretária viajou, eu viajei no outro e isso atrasou (o encaminhamento do ofício)".

Segundo Pertence, o ofício foi encaminhado apenas na semana passada, mas ele não soube informar em que data.

Segundo um dos auxiliares mais próximos da presidente Dilma Rousseff, o ministro tem dez dias após o recebimento do ofício para prestar os esclarecimentos solicitados.

"Só sei que o prazo está correndo, minha filha, e se houve atraso, foi nosso, não dele. Só há poucos dias os ofícios foram mandados", afirmou Pertence.

A oposição vê semelhanças entre a situação de Pimentel e a do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, que saiu do governo devido à denúncia de ter o patrimônio ampliado em 20 vezes após a prestação de serviços de consultoria.

Pimentel é alvo de denúncias de que sua empresa, a P-21 Consultoria e Projetos, teria faturado mais de R$ 2 milhões com consultorias entre 2009 e 2010.

Há suspeitas de tráfico de influência. Indagado se o suposto problema burocrático não favoreceria Pimentel, Pertence respondeu:
"Você faz a interpretação que quiser. Críticas vocês façam como quiserem", afirmou.

RAFAEL MORAES MOURA O Estado de S. Paulo

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