"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 09, 2011

ROSSI : "Há sempre uma concorrência natural por e$paço", diz ele sobre a pa$ta. FRENÉTICA/FAXINEIRA APÓIA.

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, sob pressão, tentou mostrar ontem que não tem ligação com as novas irregularidades em sua pasta e admitiu que a disputa por espaço político na Conab pode estar alimentando as denúncias.

Sem responder a algumas perguntas, Rossi criticou órgãos da imprensa que, segundo ele, estariam dando espaço a pessoas e ex-funcionários que tiveram interesses contrariados.

Ao sugerir disputa política no setor, o ministro se refere ao fato de que há indicações políticas na Conab feitas por pelo menos três partidos - PMDB, PT e PTB.


- Há sempre uma concorrência natural por espaço. A Conab tem diretores de vários partidos, e isso tem gerado problemas. Hoje, sinto que há uma certa dificuldade de entendimento entre os diretores - disse Rossi, em entrevista.

Ele se defendeu dizendo que abriu inquérito administrativo para apurar a denúncia, da revista "Veja", de que o lobista Júlio Fróes teria usado sala e computadores do ministério e distribuído pacotes de dinheiro a funcionários do setor de licitações da pasta.

Rossi disse ainda que não conhecia Israel Leonardo Batista, ex-chefe da comissão de licitação do ministério, que admitiu à "Veja" ter recebido o pacote de dinheiro de Fróes e recusado. O ministro ponderou que havia uma disputa entre dois grupos na pasta, um ligado à gestão anterior e outro que ascendeu:

- Ele (Israel) fez acusações graves, mas precisa comprovar. Todos serão chamados, e ninguém apontou fato ilegal que eu tivesse cometido. O ônus da prova é de quem alega.

Rossi lamentou a saída de Milton Ortolan, contando que pediu que ele apenas se afastasse durante as investigações, mas que o assessor e seu amigo há 25 anos não aceitou, por ter se sentido humilhado e insultado com a reportagem. O ministro defendeu o contrato de R$9 milhões, feito pelo ministério com a Fundação São Paulo, entidade mantenedora da PUC-SP, para capacitação de funcionários da pasta.

Rossi disse que tudo foi feito dentro da lei e que a dispensa de licitação ocorreu porque o produto oferecido por eles é único.

Indagado se se sente firme no cargo, respondeu:

- A presidente Dilma tem me dado todos os motivos para que eu me sinta firme e confortável, e meu trabalho está sendo avaliado. Não tenho necessidade vital de estar aqui.

O ministro negou que haja algum tipo de orquestração política contra ele ou o PMDB, mas ponderou que o partido tem crescido em áreas importantes e que a disputa pela prefeitura de São Paulo tem criado problemas e confrontos.

Isabel Braga O Globo

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