Ontem, essa luz amarela de atenção passou a ser vermelha, de total preocupação.
No Brasil, essa deterioração no sentimento do mercado se deu principalmente com o fato de o Índice Bovespa perder os 60 mil pontos.
Não que esse número signifique algo relevante dentro de uma análise gráfica.
No entanto, é um nível psicológico importante e que, quando perdido, acaba deflagrando certo movimento de pânico entre os investidores e uma onda de vendas das ações.
Pão de Açúcar volta para o nível de antes do anúncio da oferta
Exatamente o que aconteceu ontem.
Até o meio da tarde, o Índice Bovespa rondou o nível dos 60 mil pontos, mas sempre acima disso - pouco, mas acima. A partir do momento que essa pontuação ficou para trás, foi uma questão de tempo para as ordens de vendas se avolumarem e, consequentemente, a queda dos papéis.
Como resultado, o Ibovespa fechou em baixa de 0,86%, aos 59.704 pontos. É a primeira vez desde o dia 25 de maio do ano passado que o índice encerra os negócios abaixo dos 60 mil pontos.
O medo dos analistas é que, se o indicador firmar os dois pés na casa dos 50 mil pontos nos próximos dias, o chão seja o limite para esse movimento de baixa.
Apesar de os fundamentos econômicos brasileiros mostrarem que essa queda pode ser uma boa oportunidade de compra de ações, nada impede que novas deteriorações do cenário internacional façam o mercado cair ainda mais.
Até porque, num momento de pânico, a maioria dos investidores esquece qualquer fundamento e se sente mais tranquilo em seguir a manada.
Mais uma vez foi a Europa que levou o mercado ontem a sentir o gosto amargo das perdas. A agência de classificação de risco Moody"s rebaixou a nota da Irlanda de Baa3 para Ba1.
A proposta de associação entre Pão de Açúcar e Carrefour sofreu um revés importante ontem. Com a recusa do Casino, sócio do Abílio Diniz no Pão de Açúcar, o BNDES e o BTG Pactual resolveram desistir do negócio.
As ações preferenciais (PN, sem voto) do Pão de Açúcar fecharam em queda de 1,96%, aos R$ 65, voltando para o nível que estavam em 27 de junho, no dia anterior ao anúncio da oferta.
Daniele Camba Valor Econômico
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