Período eleitoral é temporada de promessas. Esta campanha, porém, tem ido mais longe, com o Congresso em surto de benevolência irresponsável.
Aliadas, situação e oposição comprometem bilhões de reais em gastos futuros, como se as contas públicas já não estivessem apertadas com as despesas em custeio aprovadas em passado recente:
salário do funcionalismo,
contratação de novos servidores,
previdência.
Em vez de promessas, os políticos concretizam gastos irreversíveis.
O ponto-chave é saber se a economia é capaz de dar sustentação ao maremoto de gastos que se avolumam. Como não existe margem para a ampliação de uma já escorchante carga tributária de 36% do PIB, é difícil imaginar como a gastança possa continuar sem criar distorções graves.
A baixa taxa de poupança do país (16% do PIB, aproximadamente) é a outra face da anêmica taxa de investimento (entre 18% e 20%).
É por este motivo que o crescimento estimado do PIB para este ano de 7% não se sustentará.
Calcula-se que, para ser mantida uma expansão média contínua, sem pressões excessivas inflacionárias e nas contas externas, na faixa de 5% anuais são necessárias inversões de 25% do PIB ao ano.
Completa-se, então, o cenário: como gastos públicos excessivos impedem o aumento da poupança, e se as perspectivas, neste sentido, não parecem positivas, continua presente a possibilidade objetiva de o Brasil crescer em ritmo relativamente baixo.
Como ocorre há anos. Convém relembrar estatísticas publicadas recentemente por Martin Wolf, colunista do "Financial Times", jornal inglês: apesar de todo o discurso ufanista, de 1995 a 2009 a média de expansão do PIB brasileiro foi de apenas 2,9%; por isso, o peso do país na produção mundial encolheu, no período, de 3,1% a 2,9%.
Ao mesmo tempo, a participação da China no PIB mundial saltou de 5,7% para 12,5%, e a da Índia, de 3,2% para 5,1%.
Não por acaso, são países com taxas de poupança e investimento bem superiores às nossas.
A questão é de simples aritmética.
Agência O Globo
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