
Do Estado de S. Paulo
A criatura pode fazer mais que o criador, mas sem  dispensar sua  ajuda, segundo a candidata do PT à Presidência da  República, Dilma  Rousseff. 
Ela prometeu, se eleita, realizar uma reforma  para reduzir a  zero a tributação dos investimentos e de insumos  essenciais à produção e  ao desenvolvimento, como a eletricidade. 
O presidente Lula em breve completará oito anos de governo sem ter reformado o sistema tributário. De fato, ele não produziu nenhuma grande transformação institucional, porque nunca se dispôs a negociar um projeto politicamente complicado.
  Logo, a candidata oficial deve  julgar-se mais preparada para a tarefa  que o inventor de sua  candidatura. Segundo a ex-ministra, Lula poderá  ajudá-la a obter a  aprovação de reformas, participando da vida política  na condição de  ex-presidente. Como poderá ajudar, ela não explicou.
O que não fez em oito anos no poder, ajudará interposta pessoa a fazer em quatro?
(...)
 Não há em seu discurso  nenhuma ideia  nova. Também não há nenhuma grande inovação positiva em  seu currículo. 
 Numa entrevista gravada para a TV Cultura, ela disse  haver coordenado  todos os programas do governo Lula e apontou esse  trabalho como prova de  sua experiência administrativa. O balanço desse  trabalho, no entanto, é  devastador para a reputação de qualquer  gerente. Projetos de grande  importância para o País  como o da reforma  tributária acabaram  desfigurados e empacados no Congresso. 
Pode-se também  avaliar a experiência administrativa da ex-ministra  pelos números do  Programa de Aceleração do Crescimento, um dos grandes  fiascos de sua  carreira gerencial. 
Desde o lançamento do programa, em  2008, até o mês  passado, o Tesouro só investiu no programa R$ 43,8  bilhões, 47% do  previsto para o período. 
A candidata Dilma Rousseff chefiou a Casa Civil até 31 de março e deixou o governo em seguida para cuidar só da campanha eleitoral, mas o padrão administrativo do Planalto não mudou.
Neste ano, de janeiro a maio, a execução foi bem melhor que nos anos anteriores, mas, apesar disso, o total desembolsado pelo Tesouro, R$ 7,1 bilhões, correspondeu a modestíssimos 25% do total previsto para o programa no Orçamento.
(...)
Quando se considera o total de investimentos sob responsabilidade do Tesouro R$ 62,3 bilhões em 2010, o resultado é igualmente desabonador: só R$ 15,3 bilhões, 25% do valor autorizado para o ano, foram liquidados até maio, e isso inclui restos a pagar.
Como  administradora, a candidata petista é uma representante fiel  desse  padrão gerencial.
Em relação a reformas importantes e complexas, seu currículo de realizações é tão bom quanto o do presidente Lula, isto é, praticamente nulo.
Mas o governo federal foi não só incapaz de  modernizar o sistema  tributário durante os quase oito anos do presidente  Lula. Além de não  fazer a reforma, aumentou de forma contínua a carga  tributária sobre  indivíduos e sobre empresas. 
Esse aumento foi usado  para financiar  gastos crescentes de um governo empreguista e empenhado  em distribuir  bondades com base em critérios obscuros. Sem abandonar  esses costumes,  nenhum governo fará mudanças importantes na tributação. 
Mas a mudança de costumes não consta da pauta da candidata oficial.

 
 
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