"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 24, 2010

PETROBRAS INDEFINIÇÃO/CAPITALIZAÇÃO GERA PERDAS

Kelly Lima, Nicola Pamplona e Wellington Bahnemann, O Estado de S. Paulo

O adiamento da capitalização da Petrobrás de julho para setembro pode custar à estatal a perda do grau de investimento em pelo menos uma das três principais agências que avaliam o indicador.


A companhia possui certa "folga" nas classificações da Standard & Poor’s e Moody’s, mas está perto do limite na avaliação da Fitch.

Quarta-feira, a estatal anunciou acordo para tomar US$ 1 bilhão em financiamento norueguês.

O crédito será dividido em duas parcelasuma de US$ 300 milhões, atrelada a encomendas já existentes, e os demais US$ 700 milhões condicionados a próximas contratações.

"Tendo o processo de capitalização já sido iniciado e aprovado por seus acionistas, é uma questão de tempo. Portanto, o endividamento já tem solução próxima prevista", comentou um analista financeiro que ainda aposta na manutenção do indicador.

Segundo seus cálculos, a Petrobrás deverá anunciar no balanço do segundo trimestre de 2010 um volume de investimentos maior do que a geração de caixa no período a exemplo do que já ocorreu no primeiro trimestre, quando gerou R$ 15 bilhões e investiu R$ 17 bilhões.

Tradicionalmente, lembra o analista, a companhia eleva seus investimentos no segundo e terceiro trimestres, que possuem um maior número de dias úteis, sem aumento de caixa equivalente.

Perda de valor

As incertezas sobre a capitalização vêm provocando grandes estragos nas ações da Petrobrás.

Cálculo da consultoria Economática, a pedido do Estado, aponta que, desde o início do ano, o valor de mercado da estatal caiu R$ 70,8 bilhões, o equivalente ao valor do Banco do Brasil, de R$ 72,5 bilhões.

Segundo a Economática, a Petrobrás atingiu, em 22 de junho, o valor de R$ 276,3 bilhões na Bovespa, ante R$ 347,1 bilhões em 31 de dezembro do ano passado.

A queda, de 20%, tem relação direta com a capitalização, segundo analistas.

"Agora vão ser mais dois meses de ações à deriva", reclamou o economista-chefe da Modal Asset, Eduardo Roche.

Na quarta, as ações preferenciais da estatal caíram 2,10%.

COLABOROU MÔNICA CIARELLI

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