"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 03, 2013

"estão pregando prego no buraco " 'Seleção de vencedores e perdedores não deve ser feita pelo BNDES'

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_2aaEX25OmW4iCwpTPcHclxx1JazbM0WQzXOcZJqDptpsxJAMUdEGHB9q_2sO6maO2lxQjmtakbcjeZLc0QZ0YDl4D4CLwzGga2D3EnUN7k-VbfCUMlpx74-C_k9NpSKOLe1N7jsKNtM/s1600/82.jpg
Lucianne Carneiro

Defensor de um plano que inclui impostos de importação menores, o economista Edmar Bacha admite que alguns setores da indústria vão se adaptar à mudança e outros, não. Mas diz que "a seleção de vencedores ou perdedores não será feita pelo BNDES". Bacha, que é filiado ao PSDB, afirma que o governo atual não tem estratégia para o futuro.
Como seria o "Plano Real para a indústria", conforme publicou o jornal "Valor Econômico"?

Hoje temos Pibinho com inflação alta e desindustrialização. Proponho que a indústria se recupere. É focado na indústria, mas o objetivo é retomar o crescimento com baixa inflação.
Como seria a forma de atuação?

É uma proposta para ser implementada num período de oito anos. Primeiro, é preciso reduzir a carga tributária para a indústria. Para que seja de forma efetiva, é necessário ajuste no orçamento do governo. De nada adianta desonerar com elevação de déficit fiscal. Isso só aumenta a dívida pública. Poderíamos ter um período até 2020 com o gasto público crescendo 2% ao ano, para uma expansão da economia de 4%.
O plano também prevê redução de tarifas de importação, não?

Proponho uma troca da proteção da indústria pelo câmbio. Temos tarifas elevadas de importação, exigência de conteúdo nacional alto e normas técnicas que dificultam a entrada de produtos estrangeiros. A norma da tomada de três pontos, por exemplo, é só do Brasil e só serve para dificultar a importação de eletrodomésticos. Isso deve aumentar importações, e o mercado vai vender real e comprar dólar, gerando desvalorização do real. Para isso, teremos um câmbio verdadeiramente flutuante.

Também é preciso avançar nas negociações comerciais?
Essa é a terceira área. 
O Brasil é uma economia ainda muito fechada. 
O que é fundamental é anunciar e explicar tudo antecipadamente. Na mesma linha do Plano Real: 
"Só vamos fazer o que anunciar e só vamos anunciar o que vamos fazer".
A redução de impostos de importação não pode colocar em risco alguns setores da indústria?
Obviamente é preciso ter acompanhamento e políticas compensatórias para ajudar na transição. Globalmente, essas propostas preveem um crescimento maior. E vai ter mais dinheiro para compensações. Algumas indústrias vão se adaptar, outras, não. E terão que mudar de ramo.
Pode haver seleção de ganhadores e perdedores? 

Será seleção de vencedores e perdedores, mas não mais pelo BNDES.

Por que as desonerações para a indústria não têm sido suficientes para estimular a economia?
Hoje não tem plano, não tem estratégia, não tem visão de futuro. Eles (o governo) estão pregando prego no buraco.  

Entrevista publica em O Globo

Nenhum comentário: