"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 01, 2013

Morte ao mensageiro




O PT não desiste de calar quem não lhe diz amém. Nesta semana, seu presidente e suas principais lideranças voltaram a se lançar em campanhas para afrontar os meios de comunicação, silenciar críticos e impor censura à imprensa. Quando a notícia é ruim, a ordem é alvejar o mensageiro.

Além dos veículos de comunicação, os alvos prediletos dos petistas são órgãos e autoridades responsáveis por zelar pela moralidade e por fiscalizar a atuação do poder público. O PT tem horror a limites. A aversão aumenta toda vez em que o partido é flagrado em novas e cada vez mais cabeludas falcatruas.

Na mira petista, os preferidos são o Ministério Público; a Justiça em todas as suas instâncias, mas especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF); o Tribunal de Contas da União e, para terminar, qualquer tipo de lei que constranja planos de governo - como a de licitações, hoje já devidamente trucidada pelo novo regime diferenciado de contratações públicas.

Os próceres petistas enxergam nestas instituições, caras a qualquer país sério e maduro, focos de oposição ao seu projeto de poder. Quando se sentem incomodados por elas, incitam a militância partidária e aparelhos correlatos, como a CUT e a UNE, a ir para as ruas protestar - é verdade que com efeitos quase sempre nulos...

A condenação daqueles que lideravam o partido à época em que ascendeu ao poder pela prática dos crimes do mensalão inflamou ainda mais a ira desta gente. "Desmascarar a farsa" do julgamento levado a cabo pelo STF tornou-se seu mantra e José Dirceu, condenado a 10 anos e 10 meses de cadeia por corrupção ativa e formação de quadrilha, o messias deste evangelho herético.

Neste sentido, bastou o procurador-geral da República anunciar que dará encaminhamento às denúncias contra Lula feitas no fim do ano passado por Marcos Valério, para a companheirada voltar a pôr os dentes à mostra. Insurge-se contra a suspeita de que o dinheiro do esquema corrupto serviu também para pagar despesas pessoais do ex-presidente.

José Dirceu foi conclamar os seus para uma "cruzada nacional" para questionar o julgamento e combater o que chamou de "campanha da direita e da mídia contra o projeto político do PT". Para quem viveu em Cuba, onde uma crítica do regime castrista gramou 20 tentativas para conseguir autorização para sair do país, tem tudo a ver.

Mas o mais raivoso, como de hábito, é Rui Falcão, jornalista e deputado que preside o PT. Numa reunião da bancada petista na Câmara, ele voltou a atacar os meios de comunicação e o MP e a defender o controle da imprensa. Disse que este é "um dos objetivos do partido".

"São esses a quem nomeei aqui que tentam interditar a política no Brasil, ao mesmo tempo, desqualificando a política. Quando desqualifica­mos a política, a gente abre cam­po para aventuras golpistas. A gente abre campo para experiên­cias que no passado levaram ao nazismo e ao fascismo", filosofou o presidente do PT.

O que Falcão chama de "desqualificação" da política é tudo aquilo que não se alinha com o que os petistas pregam. Mas se não fosse a atuação vigilante da imprensa, a postura investigativa dos meios de comunicação, o rigor das apurações levadas a cabo pela Justiça e a fiscalização dos órgãos de controle, o país já teria sido engolido pela sanha totalizante do PT.

O Brasil já não é lá o paraíso da livre manifestação. Entre 179 países, é o que tem apenas a 108ª melhor situação em termos de liberdade de imprensa - há dois anos, estava em 58° lugar no
ranking, elaborado pela ONG Repórteres sem Fronteiras. Imagine como seria com censura pesada pendendo sobre a cabeça da mídia, como quer o PT.

O sonho de consumo dos petistas é impor aos meios de comunicação uma truculenta legislação de regulação e controle. Desde a ascensão de Lula, tem sido assim. Felizmente, a julgar pelo que publica hoje
O Estado de S.Paulo, parece que o assunto não encanta a presidente Dilma Rousseff. 
Melhor assim.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Morte ao mensageiro

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