Algum tempo atrás, o governo petista divulgou, com a pompa que lhe é peculiar, que estava em marcha uma iniciativa para transformar a Eletrobrás na "Petrobras do setor elétrico". Parecia coisa boa. A promessa foi cumprida, mas por caminhos tortos.
A gestão atual está conseguindo levar a estatal de eletricidade para o mesmo buraco em que vem enterrando a petrolífera.
Há anos a Eletrobrás tem claudicado. Há tempos seu valor de mercado não chega nem perto do valor contábil, o que indica a desconfiança dos investidores na qualidade da gestão e no futuro da companhia. Ineficientes, pessimamente administradas e muito politizadas, suas empresas controladas também são um manancial de prejuízos.
Uma realidade sombria.
Em vista disso, o governo petista vinha dizendo que reorganizaria e sanearia a Eletrobrás, investiria em novos negócios e estudava até internacionalizar a atuação da companhia, com a compra, por exemplo, de parte da EDP portuguesa, além da expansão para Argentina, Colômbia, EUA e Peru.
Foi feito até um retumbante "relançamento" da empresa, num dos últimos atos da campanha oficiosa da hoje presidente da República, ainda ministra do governo Lula.
Como de boas intenções o inferno está cheio, o plano de soerguer a Eletrobrás simplesmente evaporou desde que o governo Dilma Rousseff anunciou sua decisão de baixar, na base do tacão, as tarifas de energia elétrica praticadas no país.
A estatal tornou-se, então, o mais novo instrumento de política anti-inflacionária da gestão petista, indo juntar-se à Petrobras no poço das amarguras.
Quando, há pouco mais de dois meses, o governo Dilma editou a medida provisória n° 579, lançou todas as empresas do setor elétrico brasileiro no abismo. Pela sua expressiva participação de mercado - responde por 67% da geração - a Eletrobrás é a companhia que mais sofreu até agora, secundada pela Cemig e pela Cesp.
No início do ano, a Eletrobrás valia R$ 26 bilhões; anteontem, R$ 11,3 bilhões. Apenas nos dois últimos pregões da Bovespa, 28,96% do seu valor de mercado virou fumaça, depois que seu conselho de administração recomendou a adesão da companhia às novas regras de concessão.
Seus gestores disseram amém a Brasília e os acionistas minoritários disseram até logo, contrariados com os prejuízos que o governo lhes impõe goela abaixo.
As ações ordinárias (com direito a voto) da Eletrobrás valem hoje menos do que valiam oito anos atrás. Nesta situação, não há dúvida de que a empresa não terá como sobreviver e terá que ser socorrida pelo Tesouro. Ou seja, sob a alegação de que persegue tarifas mais baixas, o governo imporá o custo a todos os contribuintes.
É o meu, o seu, o nosso dinheiro que vai bancar esta sandice.
"Falta explicar por que essa empresa [a Eletrobrás] assumiu o controle de seis distribuidoras de energia elétrica estaduais deficitárias e por que está negociando o controle de mais duas delas (Celg e CEA). Belo exemplo de enxugamento e de racionalidade da gestão!", analisou Cláudia Schüffner no blog Casa das Caldeiras.
"O resultado final pode ser exatamente o oposto do desejado: menor investimento decorrente do maior risco de perdas regulatórias, provocando aumento no custo da energia ou até mesmo restrições de oferta", avalia Elena Landau em artigo na edição de hoje do Valor Econômico.
As agruras por que passa a Eletrobrás - como, de resto, todo o setor elétrico nacional, que já perdeu mais de R$ 30 bilhões de valor de mercado em 60 dias - não diferem do que acontece há anos na Petrobras. A petrolífera é hoje o principal arrimo do governo federal para segurar a inflação, que, mesmo assim, sistematicamente mantém-se acima das metas.
Vergada, tem se mostrado incapaz de dar conta do abastecimento de combustíveis no país, além de também penar nas bolsas de valores.
As consequências da danosa política são visíveis: a produção de petróleo no Brasil vem recuando, a Petrobras produz no menor nível dos últimos cinco anos na Bacia de Campos - como mostrou ontem O Estado de S.Paulo - e sua capacidade de investimento mostra-se seriamente comprometida, com o que até a exploração das reservas do pré-sal encontra-se afetada.
A Folha de S.Paulo informa hoje que a estatal clama por reajustes de pelo menos 12% nos preços dos combustíveis que vende ao longo de 2013, sob o risco de ter de brecar seu programa de obras, sem o qual o país corre sério risco de desabastecimento.
De janeiro a setembro deste ano, a diferença entre os valores que a Petrobras pagou pelos combustíveis no exterior e os de venda interna foi de R$ 14,6 bilhões, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Eletrobrás e Petrobras são lados da mesma moeda: a da intervenção destrambelhada da gestão petista na economia. Trata-se de um governo que não faz, não deixa quem quer fazer (os investidores) fazer e ainda atrapalha os que estão fazendo.
A presidente Dilma age no limite da irresponsabilidade, desfigurando setores da economia que até pouco tempo atrás exibiam vigor e ajudavam na decolagem do país.
Ao invés de enxergar o óbvio, o governo do PT responde às críticas desqualificando os interlocutores, tentando impor-lhes a pecha de estar contra a redução das tarifas de energia e de preços menores para os combustíveis.
Não admite que suas barbeiragens já estão produzindo efeitos danosos para o futuro do país e implodindo as condições para o desenvolvimento do Brasil.
É um ambiente de trevas.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Quebrando tudo
A gestão atual está conseguindo levar a estatal de eletricidade para o mesmo buraco em que vem enterrando a petrolífera.
Há anos a Eletrobrás tem claudicado. Há tempos seu valor de mercado não chega nem perto do valor contábil, o que indica a desconfiança dos investidores na qualidade da gestão e no futuro da companhia. Ineficientes, pessimamente administradas e muito politizadas, suas empresas controladas também são um manancial de prejuízos.
Uma realidade sombria.
Em vista disso, o governo petista vinha dizendo que reorganizaria e sanearia a Eletrobrás, investiria em novos negócios e estudava até internacionalizar a atuação da companhia, com a compra, por exemplo, de parte da EDP portuguesa, além da expansão para Argentina, Colômbia, EUA e Peru.
Foi feito até um retumbante "relançamento" da empresa, num dos últimos atos da campanha oficiosa da hoje presidente da República, ainda ministra do governo Lula.
Como de boas intenções o inferno está cheio, o plano de soerguer a Eletrobrás simplesmente evaporou desde que o governo Dilma Rousseff anunciou sua decisão de baixar, na base do tacão, as tarifas de energia elétrica praticadas no país.
A estatal tornou-se, então, o mais novo instrumento de política anti-inflacionária da gestão petista, indo juntar-se à Petrobras no poço das amarguras.
Quando, há pouco mais de dois meses, o governo Dilma editou a medida provisória n° 579, lançou todas as empresas do setor elétrico brasileiro no abismo. Pela sua expressiva participação de mercado - responde por 67% da geração - a Eletrobrás é a companhia que mais sofreu até agora, secundada pela Cemig e pela Cesp.
No início do ano, a Eletrobrás valia R$ 26 bilhões; anteontem, R$ 11,3 bilhões. Apenas nos dois últimos pregões da Bovespa, 28,96% do seu valor de mercado virou fumaça, depois que seu conselho de administração recomendou a adesão da companhia às novas regras de concessão.
Seus gestores disseram amém a Brasília e os acionistas minoritários disseram até logo, contrariados com os prejuízos que o governo lhes impõe goela abaixo.
As ações ordinárias (com direito a voto) da Eletrobrás valem hoje menos do que valiam oito anos atrás. Nesta situação, não há dúvida de que a empresa não terá como sobreviver e terá que ser socorrida pelo Tesouro. Ou seja, sob a alegação de que persegue tarifas mais baixas, o governo imporá o custo a todos os contribuintes.
É o meu, o seu, o nosso dinheiro que vai bancar esta sandice.
"Falta explicar por que essa empresa [a Eletrobrás] assumiu o controle de seis distribuidoras de energia elétrica estaduais deficitárias e por que está negociando o controle de mais duas delas (Celg e CEA). Belo exemplo de enxugamento e de racionalidade da gestão!", analisou Cláudia Schüffner no blog Casa das Caldeiras.
"O resultado final pode ser exatamente o oposto do desejado: menor investimento decorrente do maior risco de perdas regulatórias, provocando aumento no custo da energia ou até mesmo restrições de oferta", avalia Elena Landau em artigo na edição de hoje do Valor Econômico.
As agruras por que passa a Eletrobrás - como, de resto, todo o setor elétrico nacional, que já perdeu mais de R$ 30 bilhões de valor de mercado em 60 dias - não diferem do que acontece há anos na Petrobras. A petrolífera é hoje o principal arrimo do governo federal para segurar a inflação, que, mesmo assim, sistematicamente mantém-se acima das metas.
Vergada, tem se mostrado incapaz de dar conta do abastecimento de combustíveis no país, além de também penar nas bolsas de valores.
As consequências da danosa política são visíveis: a produção de petróleo no Brasil vem recuando, a Petrobras produz no menor nível dos últimos cinco anos na Bacia de Campos - como mostrou ontem O Estado de S.Paulo - e sua capacidade de investimento mostra-se seriamente comprometida, com o que até a exploração das reservas do pré-sal encontra-se afetada.
A Folha de S.Paulo informa hoje que a estatal clama por reajustes de pelo menos 12% nos preços dos combustíveis que vende ao longo de 2013, sob o risco de ter de brecar seu programa de obras, sem o qual o país corre sério risco de desabastecimento.
De janeiro a setembro deste ano, a diferença entre os valores que a Petrobras pagou pelos combustíveis no exterior e os de venda interna foi de R$ 14,6 bilhões, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Eletrobrás e Petrobras são lados da mesma moeda: a da intervenção destrambelhada da gestão petista na economia. Trata-se de um governo que não faz, não deixa quem quer fazer (os investidores) fazer e ainda atrapalha os que estão fazendo.
A presidente Dilma age no limite da irresponsabilidade, desfigurando setores da economia que até pouco tempo atrás exibiam vigor e ajudavam na decolagem do país.
Ao invés de enxergar o óbvio, o governo do PT responde às críticas desqualificando os interlocutores, tentando impor-lhes a pecha de estar contra a redução das tarifas de energia e de preços menores para os combustíveis.
Não admite que suas barbeiragens já estão produzindo efeitos danosos para o futuro do país e implodindo as condições para o desenvolvimento do Brasil.
É um ambiente de trevas.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Quebrando tudo
Nenhum comentário:
Postar um comentário