"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 21, 2012

As palavras, os atos e os símbolos

Duas notícias da semana passada dão um alento e são motivo para otimismo neste Brasil com tantos problemas a enfrentar. 

A primeira foi a histórica sentença de prisão contra o ex-ministro José Dirceu, condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa no processo do mensalão.

 A segunda foi a aprovação, pela Câmara dos Deputados, da lei que obriga as empresas a discriminar nas notas fiscais os impostos pagos pelo consumidor ao governo na compra de produtos e serviços.

Nós, brasileiros, estamos acostumados ao palavrório difuso e repetitivo dos políticos sobre impunidade, corrupção, carga tributária, competitividade, produtividade e um sem-número de outros termos que, ainda que estejam em voga no léxico nacional, pouco - se algo - têm a dizer ao cidadão comum. 

Os dois fatos da semana passada foram momentos em que se passou da palavra a atos concretos, que qualquer um é capaz de entender. 
De tão raros no Brasil, esses momentos se tornam símbolos.
No primeiro caso, trata-se de uma sentença de prisão. Um condenado por corrupção vai para a cadeia. Fato histórico que representa um símbolo no nosso combate incessante por menos corrupção e menos impunidade. 

No segundo caso, trata-se de um registro numérico. Uma nota fiscal mostrará quanto pagamos de imposto. É um dado tangível que também será um símbolo no nosso combate por uma carga tributária mais justa e mais transparente. 

A diferença entre os atos concretos e as palavras abstratas é que, por trazer consequências no dia a dia, os atos têm uma interferência maior na realidade e na forma como nos percebemos.

O Brasil será um país diferente depois que o outrora segundo homem mais poderoso do país for preso, condenado por corrupção. 

Também será um país diferente depois que todos souberem, a cada gasto, quanto de seu dinheiro sustenta um Estado perdulário e ineficiente para prestar serviços públicos de qualidade, como saúde, educação e segurança.

Atos como esses, que se transformam em símbolos, só podem ser resultado de transformações reais, não de palavras vazias.

 Epoca

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