"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 14, 2012

E NA CPI DA "SOBRIEDADE E FOCO" : Miro: vamos ganhar a luta contra a blindagem de Cavendish

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) anunciou nesta quinta-feira que pediu ao Congresso Nacional esclarecimentos sobre um possível almoço em Paris, na Semana Santa, entre Fernando Cavendish e parlamentares integrantes da CPI do Cachoeira.

Em entrevista exclusiva ao GLOBO, ele lembra que o esforço para barrar o seu depoimento foi grande - o placar apertado foi de 17 a 13 - , mas o desgaste também. Miro afirma que quem o informou sobre o encontro foi o deputado Antonhy Garotinho.


O que o senhor achou da não convocação de Fernando Cavendish para depôr na CPI no dia de hoje?

MIRO TEIXEIRA :
É inexplicável. Convocam a mulher do Cachoeira e não o Cavendish. Você abre o sigilo da Alberto e Pantoja, você vê os depósitos da Delta Nacional. E a Alberto e Pantoja é uma empresa fantasma do Carlos Cachoeira. O presidente da empresa é o Cavendish. Como é que seria desvio de foco? Eu pergunto novamente:
que medo é esse de ouvir Pagot e Cavendish?


Como o senhor ficou sabendo do possível encontro entre parlamentares e Fernando Cavendish?

MIRO:
Eu li o Blog do Garotinho, cheguei a ele no plenário. Eu disse: Garotinho, me dá detalhes do que eu li no seu blog? Porque ele só botou o título do assunto no blog. "Membros da CPI almoçaram com Cavendish em Paris'. Ele disse: 'não posso dar detalhes'. Aí eu perguntei: mas você me garante que houve esse almoço? Ele disse: 'garanto'.


Qual é o próximo passo?

Vou pedir à Câmara para fazer o cruzamento e comunicar à comissão o que esses deputados e senadores fizeram naquela viagem. E que eles devem ser consultados publicamente se estiveram com o Cavendish. E eles vão dizer sim ou não. E há os efeitos regimentais para a mentira.

O senhor acha que há uma blindagem da Delta na CPI?

A Delta, não. Nós já quebramos o sigilo da Delta na CPI. Mas (a luta contra a blindagem) do senhor Cavendish, nós vamos ganhar. Pode demorar uma semana, duas, três. Mas não tenho dúvida que essa vai ser uma enorme pressão social. E é injustificável não convocar uma pessoa que diz que compra político. E que varia de R$ 6 a R$ 30 milhões. Isto é injustificável.

O que o senhor sentiu do clima da sessão de hoje?

É claro que a chapa esquentou. Mas acho isso positivo. Eu acho que o debate político deve ser bem claro. E acho muito positivo que exponham ali as contradições existentes. Repare o seguinte: nas circunstâncias foi um placar apertado. Foi 17 a 13, ou seja, se dois mudam de lado, a coisa já muda.

Qual é o medo governo em relação ao que pode ser dito por Cavendish?

Eu não percebo o medo do governo. Mas percebo o medo de muitos parlamentares que são da base do governo. Houve parlamentares que votaram no sentido contrário da base. É curioso um placar muito apertado para o esforço que eles mobilizaram, para o desgaste que eles tiveram. É um placar com sabor de derrota para eles.

Há questionamentos sobre a atuação do relator Odair Cunha na comissão. O que o senhor acha da sua condução na comissão?

Penso que hoje ele teria uma ótima atuação se encaminhasse a favor da convocação que nós propusemos, deixando a data para uma oportunidade que o relator propusesse. O que ele pode achar ou dizer, ou justificar, que ele prefere 'ter outros elementos' para convidar o Cavendish... Está bom. Mas é absolutamente imperioso que se convoque o Cavendish. Agora, oportunidade nós vamos ter.

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