"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 04, 2011

INDEPENDENTES, MAS NÃO SEPARADOS. PR DEIXA BLOCO MAS NÃO ADMITE SAIR DO GOVERNO.


O PR sente-se como um namorado "traído e escurraçado em público", ameaça colocar o Palácio do Planalto para dormir na sala, mas sabe que não tem como sair de casa. No Senado, o partido desligou-se do bloco político que formava com o PT.

Na Câmara, as lideranças partidárias declararam que vão examinar com mais cuidado os projetos encaminhados pelo governo ao Congresso. Nos dois casos, contudo, o PR alega que não vai deixar a base de apoio ao governo.

"Vamos ser líderes de nós mesmos, independentes das orientações do Planalto", afirmou o líder do PR no Senado, Magno Malta (ES).


Malta afirmou que não fazia o menor sentido o partido deixar a base de apoio do governo. "Há seis meses, dissemos que a presidente Dilma Rousseff era o melhor nome para dar continuidade ao projeto do presidente Lula.
Não podemos agora fazer beicinho e dizer o contrário", completou Malta.

Ele reconheceu, no entanto, que os votos dos sete senadores do PR poderão fazer falta para o governo na Casa. "São quase 10% do plenário", lembrou Malta.


Na Câmara, o líder do partido, Lincoln Portela (MG), admitiu que o partido está machucado. Disse ainda que as cicatrizes dificilmente serão curadas. Mas completou que, se a legenda decidir migrar para a oposição, dará ainda mais argumentos para seus detratores.

"Vão dizer que assumimos a culpa por um erro que não cometemos e que estamos indo embora muito tarde", disse ele.


Retaliações
Portela afirma, no entanto, que o partido começará a prestar mais atenção a alguns projetos que assustam o governo, como a Emenda 29 — que define os percentuais de gastos que a União, os estados e os municípios devem empregar na Saúde — e a PEC 300, que equipara os vencimentos de bombeiros e policiais militares aos salários pagos a esses profissionais no Distrito Federal.

"Eu sempre defendi a PEC 300", declarou Portela.
"Vou defender mais ainda agora", completou.


Lideranças do partido seguem reclamando que o partido virou bode expiatório de um problema de caixa do governo. Segundo esses parlamentares, o Planalto descobriu que não tem dinheiro em caixa para continuar as obras, apavorou-se diante da possibilidade do calote dos Estados Unidos — o que afundaria o mundo em uma recessão global — e resolveu dizer que o PR está desviando verbas do Ministério dos Transportes.

"Viramos os responsáveis pela paralisia do PAC, é uma situação muito cômoda", disse um integrante da cúpula do partido.


O senador Blairo Maggi (MT), que foi fundamental para virar a intenção de voto dos ruralistas pró Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno de 2006, disse que espera do governo o mesmo comportamento que vem tendo ao afastar o PR.

"Quando terminarem as apurações, eu quero que o Planalto venha, em público, dizer se o PR é um partido do bem ou um partido do mal", cobrou.

Paulo de Tarso Lyra Correio Braziliense

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