A perda de competitividade da indústria nacional levou o Exército brasileiro a envergar uniformes made in China.
A notícia pegou de surpresa a presidente Dilma Rousseff, que foi informada da vantagem chinesa pelo setor produtivo justamente no dia em que ela anunciava o programa Brasil Maior para estimular a indústria nacional e garantir à produção brasileira espaço nas licitações públicas.
A tendência parece vir se alastrando pelas Forças Armadas, segundo representantes da indústria têxtil.
Já há até importação de uniformes prontos.
Dados do pregão eletrônico do Exército indicam que, em 2009, foram comprados 110 mil metros de tecido para fabricação de fardas.
Este número saltou 318,2%, para 460 mil metros, em 2010.
O processo de licitação de 2011 ainda não terminou, mas as empresas nacionais estão preocupadas.
As compras de fardas importadas, basicamente uniformes camuflados, correspondem a R$100 milhões para as três Forças, segundo o Ministério da Defesa. O valor inclui produtos fabricados no país asisáticos e itens que contenham insumos chineses.
Entre os fornecedores está a empresa Diana Paolucci, que é brasileira, mas tem fábrica na China e traz peças prontas.
- Temos cortado um dobrado. Só trabalhamos com produto nacional e já não ganhamos uma concorrência há quatro anos - disse ao GLOBO o gerente de empresa especializada em fardas de São Paulo, que não quis se identificar.
Segundo o gerente, o fenômeno se estende pelas polícias militares dos estados, que também estariam sendo abastecidas por empresas que importam boa parte ou tudo o que produzem.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz, lamenta essa tendência, mas se diz confiante na medida lançada pelo governo na terça-feira, que garante um diferencial de preço de até 25% para os produtos brasileiros nas compras públicas:
- O Brasil tem competência para fazer suas próprias fardas a preços competitivos.
Vivian Oswald O Globo
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