Rubem Azevedo Lima Correio Braziliense
Do desastre futebolístico do Brasil, na África do Sul, vieram e ainda virão
lições sobre circunstâncias que parecem influir no futebol.
Além da tecnologia de exibição do espetáculo, no tocante ao instrumental do jogo, vieram jabulani (bola) e, para estímulo da plateia, a vuvuzela (corneta).
(...)
Por isso mesmo, as palavras africanas devem ficar na memória dos brasileiros, talvez com adaptações como o aportuguesamento do inglês bond (ação), que batizou o veículo sobre trilhos, para transporte de passageiros.
As duas do futebol já se aplicam a situações não futebolísticas.
O repórter viu-as em twitters e até as ouviu nas ruas e botequins. Jabulani (a bola sem rumo certo) é aplicada a pessoas de mente instável, que pensa uma coisa hoje e, amanhã, o contrário.
Vuvuzela parece virar sinônimo de discussão ou alarido sem nexo, que atrapalha tanto no futebol quanto na política.
Nessa ou naquele, todos querem ganhar, mas a maioria na base do barulho, que falhou na Copa.
Certas práticas nossas carecem de denominação específica.
Querem ver?
Que nome tem a aplicação de 60% dos recursos de um ministério, para prevenção de eventuais calamidades públicas, num estado só, e dividir os restantes 40% entre todas as demais unidades da Federação?
Nenhum!
Tanto que o governo, bom de fala, no caso não disse palavra alguma.
Seria bom definir-se tal injustiça, que não é do Sul contra o Nordeste, mas de um nordestino aos nordestinos!
Que isso não se dê nos poços do pré-sal, quatro vezes mais profundos que os do golfo do México, mas cantados como coisa certa, em prosa e verso, pela propaganda eleitoral.
Divida-se o lucro desses poços entre estados e municípios sem petróleo, mas com sobras, se não para evitar acidentes, para pagar o gasto na vuvuzela de elogios eleitoreiros unilaterais:
R$ 1,5 bilhão este ano.
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