ALBERTO TAMER - O Estado de S.Paulo
Vem mais juro alto por aí.
É isso o que o Copom indica, muito clara e incisivamente, na ata da última reunião. O pior é que isso não vai ajudar muito.
Apesar dos reajustes anteriores e do juro básico estar agora em 10,25%, "a demanda se apresenta robusta em grande parte por causa dos efeitos de fatores de estímulo como o crescimento da renda e expansão do crédito".
Ou seja, famílias continuam consumindo mais apesar da elevação do juro, não só da Selic, mas do crediário também.
Não se entendem.
Há sem dúvida algum divórcio entre a política monetária, principalmente juros, e a política fiscal, como registrou o editorial econômico do Estado nesta sexta-feira.
Uma tenta conter o crescimento "vigoroso" (ata do Copom), acima do potencial (sem gerar pressões inflacionarias e distorções), outra o estimula.
Uma política monetária agressiva, neste momento, não funciona sem uma política
fiscal mais restritiva.
Juros distorcidos.
Há dois fatores complementares que tornam delicada a crescente de juros. O primeiro é que essa taxa atrai mais investidores externos que, ao comprar títulos do Tesouro, obtêm até o dobro do rendimento que poderiam conseguir no mercado financeiro internacional.
E, acreditem, com menor risco, considerando as circunstâncias no Brasil e no exterior.
Isso explica em grande parte o forte afluxo de dólares no País.
E isso é mal?
Não se o BC não fosse obrigado a comprar os excedentes para evitar valorização do real.
Custo da dívida aumenta.
E aqui está o segundo problema da elevada taxa de juros: ela não apenas provoca um aumento da dívida interna, via emissão de títulos do Tesouro, mas também do seu custo.
Como 36% da dívida está atrelada à Selic, Amir Khair, também colunista do Estado, estima que o aumento causado pela elevação da taxa e seus reflexos ficariam entre R$ 15,2 bilhões neste ano e R$ 42,0 bilhões em 2011.
Muito, mas muito além mesmo do que os R$ 8 bilhões previstos para este ano!
Mais :
Vem mais juro... e inflação?
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