Refletindo o forte ritmo da atividade econômica e o câmbio valorizado, o saldo das contas externas, incluindo operações de comércio, serviços e transferência de rendas entre o Brasil e o exterior em abril, foi negativo em US$ 4,58 bilhões.
O valor do déficit na chamada conta corrente do balanço de pagamentos foi recorde para o mês de abril na série iniciada em 1947, segundo informou ontem o Banco Central.
Mês após mês a conta corrente brasileira tem registrado déficits recordes.
Com isso, no acumulado de janeiro a abril, o saldo negativo somou US$ 16,73 bilhões, mais de três vezes (246,4%) acima do déficit verificado no primeiro quadrimestre de 2009.
Dessa forma, somas cada vez mais elevadas de dólares têm deixado o País por meio dessa conta.
Assim, a tarefa de suprir os dólares perdidos pela conta corrente brasileira foi cumprida com folga, diga-se de passagem pelo investimento em carteira (ações e renda fixa), que nos quatro primeiros meses do ano somou US$ 16,63 bilhões.
O ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas ressaltou que neste ano, somente pela renda fixa, entraram US$ 8,05 bilhões, refletindo a atratividade dos juros em alta no Brasil.
As transações correntes pioram em 2010 com o superávit comercial menor e o aumento das despesas com o pagamento de serviços externos, como aluguel de equipamentos, transportes e viagens internacionais.
As despesas com serviços saltaram de US$ 4,42 bilhões de janeiro a abril de 2009 para US$ 8,69 bilhões em 2010.
As remessas de lucros e dividendos das empresas para as suas matrizes no exterior também pressionam as contas externas e já somam no ano US$ 7,93 bilhões, um crescimento de 50,5%.
“O que tem salvado a lavoura é o investimento em carteira”, afirmou o professor de economia e especialista em contas externas, Antônio Corrêa de Lacerda.
Segundo ele, a situação de déficits externos crescentes é preocupante porque cada vez mais o País depende desse capital volátil para se financiar.
O economista argumentou que para este e o próximo ano, apesar da evidente piora no quadro das contas externas do País, não enxerga problemas de financiamento. Mas ele alertou que o próximo governo terá que atacar esse problema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário