"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 12, 2010

JAMES CAMERON E A CARTA ENVIADA AO CACHAÇA.

James Cameron, diretor de Avatar e Titanic, enviou na quarta-feira passada uma carta ao maguaça sugerindo que seja repensada a decisão sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

Na carta,Cameron, que veio ao Brasil para lançar o DVD de Avatar, pediu para ser recebido pelo cachaça e tem opinião de que Belo Monte é um um projeto dinossauro, baseado em soluções do século passado“. O Planalto negou a audiência ao cineasta.

Mais um para a coleção dos "iludidos", que acham que o apreciador das bebidas fortes tem lá alguma preocupação com assuntos relacionados ao meio ambiente ou tenha alguma visão sustentável para o futuro.

O asqueroso presidente já havia sinalizado :

“Uma coisa vocês podem estar certos: nós vamos fazer Belo Monte. Isso é importante que fique claro em alto e bom som”.

A carta foi recebida e até o presente momento, sem resposta.

A carta

Na carta de 1499 palavras, Cameron diz coisas como:

- Vossa Excelência tem uma grande oportunidade, como líder mundial, de tomar medidas decisivas em curto prazo para demonstrar o comprometimento do Brasil com estas questões vitais.

Estou me referindo ao projeto da usina de Belo Monte, que deverá ir a leilão em 20 de abril. Eu acredito profundamente que este projeto não deveria ser realizado, e eu apelo a vossa excelência , com base na lógica e na compaixão, a interceder e impedir seu progresso.

- Vossa excelência pode questionar meu posicionamento sobre esta questão, como não brasileiro, mas eu acredito que esse tema nos afeta a todos, em todo o mundo.

- Existe vários argumentos lógicos contra a hidrelétrica. A usina irá inundar mais de 500 Km2 de terra, e desviar grande parte do fluxo do Xingu para dois canais artificiais para a barragem.

Isto deixará comunidades indígenas e tradicionais sem água, peixes e meios de transporte fluvial por 100 km na Volta Grande.

A baixa do nível das águas do rio prejudicará a produção agrícola na região, afetando pequenos agricultores indígenas e não indígenas e a qualidade da água. Provavelmente, a floresta amazônica nesta região não sobreviverá.

A formação poças de água represada entre os seixos da Volta Grande será um forte vetor de proliferação de malária e outras doenças . Comunidade rio acima, incluindo os Kayapós, irão sofrer com a perda de peixes migratórios que são parte crucial de sua dieta.

- A hidrelétrica de Belo Monte está sendo financiada e subsidiada pelos contribuintes brasileiros, mas pouco da energia gerada irá para a população. A maior parte será consumida pelas mineradoras de alumínio das vizinhanças, que empregam muito pouco em relação aos à energia consumida, e cujos lucros corporativos serão majoritariamente enviados para o exterior. Acredito que a população brasileira não está ciente disso, e vê a hidrelétrica como um projeto criado para seu benefício. As demandas de energia do Brasil seriam melhor atendidas com investimento de uma fração dos custos destes mega-projetos em alternativas mais eficientes e renováveis, como energia eólica e solar .

O engano :

-Acredito que, como líder mundial, Vossa Excelência tem a uma oportunidade sem precedentes de tomar uma posição e ser visto como um herói do século 21, ao guiar o Brasil rumo a uma visão sustentável de futuro. Belo Monte é um projeto dinossauro, baseado em soluções do século passado. Olhar os rios do Brasil como energia líquida é um paradigma obsoleto.

- Possivelmente Vossa Excelência me considerem um estrangeiro invasivo que não entende a realidade política de seu país. Mas eu me preocupo profundamente com o futuro de todos nós, e por isso me sinto compelido a falar. Seria uma enorme honra para mim poder discutir estes assuntos pessoalmente com Vossa Excelência.


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