2009, o ano que não terminou para o Senado
iG Brasília
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Para muitos dos escândalos que nos últimos tempos vêm frequentando o Senado Federal, 2009 foi um ano que não terminou. Ao mesmo tempo em que decisões polêmicas dos parlamentares vieram à tona - como nomeações secretas, gastos sigilosos e uma reforma inócua -, a prometida transparência e moralização da Casa não avançou.
Prova disso foi que, por meio de ato tomado no apagar das luzes do exercício do ano passado, a cúpula administrativa do Senado reverteu parte da decisão moralizadora sobre a farra das passagens aéreas do início de 2009, noticiou o "Correio Braziliense". A decisão autoriza em caráter excepcional o acúmulo de créditos de bilhetes aéreos não usados até o último dia de 2009 ao longo de 2010. Calcula-se que a medida inicial economizaria R$ 3,9 milhões aos cofres públicos.
Mas algumas das práticas irregulares da Casa, ainda sem solução, se arrastam por mais de dez anos. O jornal "O Estado de S.Paulo" revelou que atos secretos eram usados para criar cargos, aumentar salários e nomear parentes e amigos dos parlamentares. Ao não serem publicadas, as decisões ocultariam gastos desnecessários, como funcionários fantasmas.
Técnicos do Senado encontraram mais de 600 atos secretos, adotados ao longo de mais de uma década. O escândalo respingou em 37 senadores. Entre eles, o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), que por meio das decisões não publicadas teria nomeado parentes, amigos e aliados políticos. Em discurso no plenário do Senado, Sarney afirmou desconhecer os atos secretos e acrescentou: "A crise é do Senado, não é minha".