"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 26, 2009

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Foto do Senador

RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, em Cuiabá


O Ministério Público de Goiás denunciou sob acusação de improbidade administrativa o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), e outras 16 pessoas envolvidas com a contratação supostamente ilegal de uma fundação do Rio de Janeiro para a prestação de "serviços de consultoria" à companhia energética do Estado, a Celg.

Encaminhada à Justiça na semana passada, a ação aponta indícios de enriquecimento ilícito e desvio de verbas no convênio de R$ 4.524.933,45 firmado em maio de 2000 com a fundação Pro Uni-Rio --extinta em 2002, mas à época ligada à Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro.

Então governador, Perillo autorizou a contratação. "A autorização [...] foi precedida por negociações escusas que se iniciaram em meados de dezembro de 1999", diz a ação.

As negociações, diz a Promotoria, foram conduzidas pelo então presidente do Banco do Estado de Goiás (hoje extinto), Janides Fernandes de Souza.

"O lobby praticado por Janides Fernandes em favor da Pro Uni-Rio deveu-se à sua amizade com o [...] proprietário da empresa de consultoria Nova Fase Consultores Associados, contumaz parceira da Pro Uni-Rio em contratos firmados com o Poder Público", diz o texto.

A quebra de sigilo bancário da Fundação indicou que a maior parte (R$ 3.196.865,46) do valor total do convênio, pago em parcela única à fundação em setembro de 2000, "percorreu caminhos escusos até voltar para Goiás de forma ilícita", como afirma a Promotoria.

Fernandes, segundo a denúncia, foi beneficiário de uma fatia de R$ 561.180, em razão do "frutífero lobby operado junto à CELG". .


Outra parcela de R$ 1,8 milhão teria sido sacada em espécie no Rio de Janeiro.

Em depoimento, uma ex-funcionária da fundação, Rita Marques dos Anjos, disse que o dinheiro teria sido buscado por um avião oficial do governo e empregado na campanha da hoje senadora Lúcia Vânia Abrão (PSDB-GO) à Prefeitura de Goiânia, em 2000.

Na ação, os promotores dizem que "não foi possível descobrir o paradeiro do alto montante sacado em espécie". 


A senadora não foi denunciada.

Em outra ação proposta anteontem pela Promotoria, Perillo é acusado de usar em 2004 a propaganda de seu governo em benefício da campanha do deputado federal Sandes Júnior (PP) à Prefeitura de Goiânia. 


Ambos foram denunciados por improbidade administrativa.