"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 03, 2012

Fim à democracia

Alguns petistas, sem desconfiarem da tolice que estão cometendo, querem, praticamente, cassar os poderes da Procuradoria Geral da República no combate à corrupção no país. Essa foi uma conquista da Constituição de 1988.

A ação dos que pensam em punir o Ministério Público pode chamar-se de nazismo! Já se diz que essa medida foi encomendada pelo ex-presidente Lula à sua gente prestativa.

No caso, porém, deram-se tropeços. A Polícia Federal localizou, em São Paulo, um imenso viveiro de corrupção: o escritório para presidentes da República que se deslocassem àquela cidade. Lula o frequentou muito, durante seus mandatos.

Indaga este escriba aos petistas do mensalão: a Polícia Federal também devia ser punida por descobrir e divulgar o novo contingente dos corruptos que fazem negócios escusos às custas do erário e à sombra do governo? A dirigente do escritório-viveiro, Rosemary Noronha, nomeada por Lula, que, em geral, a levava nas viagens ao exterior, foi agora demitida pela presidente Dilma.

O que acham os petistas desse novo escândalo? Será ele outra espantosa trapaça da imprensa e da oposição? Outra grande mentira? Pois não é. O Brasil transpira corrupção por todos os poros. Até no futebol se rouba medalha, imagine, leitor, nas construções de estádios e nos problemas clubísticos.

Cansados de ouvirem alusões que os atingem, os jornalistas tendem a repetir o que disse Nelson Rodrigues à sua entrevistadora, a doce Clarice Lispector (in Bravo, abril,183); sabedora do drama do dramaturgo, com o filho preso nas jaulas de 1964, perguntou-lhe qual era sua posição política. Ele respondeu, do fundo do coração: “Eu não sou canalha da direita nem da esquerda”.

Parabéns, Lula.
 O prazo do processo de seu filho, aquele que chamou de Pelé dos negócios, acabou. Ele recebeu R$ 5 milhões, há sete anos, uniu-se à Brasil Telecom e criou a Oi. Mudaram-se as regras e fez-se a fusão.

Hoje, a Oi está no vermelho.
Ele não era Pelé e — quem sabe? — a corrupção geral, que abala o Brasil, quebrou seus negócios.

Rubem Azevedo Lima Correio Braziliense

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