"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 19, 2012

P artido T orpe & icebergs : MISSÃO "PROTEÇÃO" - GATO POR LEBRE - GERENTONA DE NADA E COISA NENHUMA. A FAJUTA E FANTOCHE.



No Planalto, o objetivo hoje é manter a imagem de Dilma Rousseff como gestora eficiente. Na avaliação de muitos, ela só perderá pontos junto à população se essa visão ficar embaçada por conta dos atrasos nas obras e no gargalo energético

Não, não é o processo do mensalão e nem a ascensão de Joaquim Barbosa à presidência do Supremo Tribunal Federal esta semana que vão tirar o sono da turma do partido que ocupa o Palácio do Planalto. Tanto é que a presidente, ao se referir à Ação Penal 470 em entrevista ao jornal El País, ficou na declaração padrão, de que "acata" o resultado do julgamento.

Tampouco o relatório da CPI do Cachoeira a ser apresentado esta semana pelo deputado Odair Cunha (PT-MG). Tudo isso é passageiro. Os problemas são de outras ordem. O principal deles, na visão dos estrategistas ligados à presidente, é manter a população segura de que Dilma Rousseff é uma excelente gestora, capaz de entregar o propalado desenvolvimento, deixando o país longe da crise econômica que abala o mundo e da qual nem a poderosa China escapa.

Na última semana, em Cádiz, Espanha, Dilma, mais uma vez, lembrou a todos os chefes de Estado presentes à Cúpula Ibero-americana as maravilhas da economia nacional e da criação do mercado interno brasileiro. Pontuou que desenvolvimento se faz com justiça social e investimentos, não com ajustes fiscais drásticos e cortes para todos os lados.

Basicamente repetiu o que vem dizendo há dois anos, a respeito do que considera equivocado na forma de os europeus tratarem da crise. Foi enfática ao dizer que as medidas evitam a quebradeira financeira, mas não geram confiança nem Produto Interno Bruto.

Talvez a presidente esteja certa em sua análise externa, mas vale observar que, por aqui, o cenário não é essa calmaria toda. Quem tiver o cuidado de ler as seções de economia dos jornais brasileiros verá que as incertezas estão por toda parte. O Correio, por exemplo, mostrou ontem a nebulosidade do setor energético, no qual os problemas são de toda ordem.

As encomendas da Petrobras feitas a empresas brasileiras para permitir a exploração do pré-sal estão atrasadas. A própria regulamentação do sistema de partilha, anunciado há mais de três anos, ainda não produziu seus efeitos.

Os leilões de áreas de exploração estão travados.
No quesito energia elétrica, tudo está em suspenso por enquanto, à espera da definição do novo modelo em discussão no Congresso Nacional. O tempo está passando e, com ele, as perspectivas de votar tudo ainda este ano vão se reduzindo.

Politicamente, há quem diga nos bastidores do PT que esse gargalo na infraestrutura é o maior iceberg que o partido precisa atravessar para chegar bem em 2014. E o maior problema é que ele se dá justamente no setor energético, de onde Lula pinçou a sua sucessora, apresentando-a como uma grande gestora.

Se o setor de energia não destravar nos próximos dois anos, ficará fácil, na avaliação até mesmo de petistas, a oposição construir um discurso que ponha Dilma — e por tabela o PT — numa saia mais justa que o julgamento do mensalão.

PT & icebergs
Nas Entrelinhas
 Denise Rothenburg
Correio Braziliense

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