"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 19, 2012

"Só quem não a conhece a compra." : FRAUDE/FAJUTA/ GATO POR LEBRE/NADA E COISA NENHUMA "PRA INGRÊIS VÊ E OUVÍ"


Dilma Rousseff costuma ser mais loquaz quando está fora do Brasil. A presidente tem por hábito conceder extensas entrevistas a jornais estrangeiros e, assim como em seus discursos, tecer loas a ações de seu governo e de seu antecessor. Ela talvez aposte no menor conhecimento que tanto jornalistas quanto suas plateias internacionais tendem a ter do que realmente se passa aqui. 

O que Dilma diz é coisa para europeu ver.

É o que acontece agora na Espanha. 
A presidente foi até Cádiz para a 22ª Cúpula Ibero-Americana neste fim de semana e emendará o programa com um seminário sobre economia brasileira promovido pelo jornal El País. O principal tema de seus discursos tem sido a crítica à austeridade que, segundo ela, é a receita para o abismo que os governantes europeus adotaram para tirar o continente da crise.

Se conhecessem bem o que está se passando no Brasil, seus ouvintes não dariam um vintém pelas palavras da presidente brasileira. Dilma dá aulas de gestão da economia como quem pilota um país em franca decolagem, mas governa uma nação em processo de aterrisagem. O Brasil dos discursos dela só existe na propaganda oficial.

Dilma fala que o incentivo aos investimentos e o apoio ao ímpeto empreendedor privado são as chaves para o desenvolvimento. Mas promove, neste momento, o oposto disso no país. O governo petista não executa os projetos públicos e, para piorar, destroça as condições para que os investimentos privados aconteçam. Não se vê perspectiva de melhora.

A presidente também costuma dizer, como fez novamente no sábado em Cádiz, que a austeridade no controle das contas públicas não é a melhor forma de conduzir países em crise. Poderia aproveitar e esclarecer qual a visão dela sobre o assunto no Brasil. Afinal, aqui seu governo pratica uma política econômica que implode as condições que levaram o país a altas taxas de crescimento em passado recente.

Do antigo tripé herdado do governo Fernando Henrique, e que deu estabilidade e suporte a ações da gestão Lula, pouco resta em pé agora. Não há mais comprometimento estrito com a geração de superávits fiscais para reduzir o endividamento do Estado e gerar espaço para o investimento: 
neste ano, nem com toda a criatividade contábil do mundo, a meta será atingida.

Também não há compromisso firme com as metas de inflação, sistematicamente acima do alvo. Ao contrário, a política monetária do governo Dilma passou a mirar uma meta de juros e manipula toda a sorte de preços - como os dos combustíveis e agora também os da energia elétrica - para evitar um descontrole maior. Tampouco temos um sistema de câmbio realmente flutuante.

Mas o país que Dilma vende a seus interlocutores estrangeiros não difere da realidade apenas nos fundamentos da economia. A presidente também distorce os fatos quando reconta a história recente do país: 
"Poucos governos fizeram tanto pelo controle dos gastos públicos, como o do presidente Lula", disse ela em entrevista publicada na edição de ontem do jornal espanhol El País.

Em que mundo viverá a presidente?

Talvez ela não habite a Esplanada dos Ministérios em que hoje exista praticamente o dobro de pastas do que havia dez anos atrás; onde o contingente de servidores cresceu mais de 21%, incorporando mais de 170 mil novos funcionários; e em que os gastos com salários subiram 33% acima da inflação, como mostrou O Globo no domingo.

Para completar, Dilma preside uma economia que neste ano terá apenas a segunda menor taxa de crescimento da América Latina, superando somente o Paraguai, país que hoje mal tem governo. Não são as credenciais mais vistosas para quem pretende ditar regras para países em crise...

Seria muito bom se o Brasil que Dilma Rousseff apresenta aos estrangeiros existisse de verdade. Mas a realidade teima em desmenti-la. Com base numa experiência de governo que em dois anos não fez nem deixou que se fizesse, a presidente brasileira ainda tem muito a aprender com o Velho Continente e com os países desenvolvidos. 

Só quem não a conhece a compra.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Para europeu ver 

Nenhum comentário: