"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 05, 2012

Não ao mensalão; não ao apagão


Domingo, o Brasil vai às urnas eleger prefeitos e vereadores de seus 5.564 municípios. 

O partido que governa o país há dez anos apresenta-se aos eleitores com atributos vistosos: 
na política, algumas de suas principais lideranças estão prestes a ser condenadas por corrupção; na economia, vivemos agora de apagão em apagão. 

Com credenciais assim, o PT merece seu voto?

A votação é sempre uma oportunidade de o cidadão analisar o estado geral das coisas e manifestar sua avaliação. É claro que, ao fim e ao cabo, o que o eleitor quer é um bom prefeito que cuide bem de sua cidade. Mas no voto preza também os valores, os princípios e se expressa sobre as condições gerais do país.
Na cabine no domingo, o eleitor terá em mente que o partido que chegou ao poder em 2002 como paladino da ética tem hoje dez réus sendo julgados pela mais alta corte do país por crimes como corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e peculato.
Toda a cúpula que dirigia o PT no começo do governo Lula está prestes a ser condenada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal por ter articulado um esquema sofisticado que envolveu desvio de dinheiro público, operações bancárias fraudulentas, cooptação e compra de apoio no Congresso. Gente assim merece voto?

Ontem, o STF prosseguiu no julgamento do mensalão, encaminhando a condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares por corrupção ativa. Faltam apenas mais três votos - no caso de Delúbio, apenas dois - para que eles sejam considerados culpados, definição que deverá ocorrer na próxima terça-feira.

Até agora, apenas Ricardo - sempre ele - Lewandowski votou pela absolvição de Dirceu, bem como de Genoino. O ministro revisor diz que não acredita em Papai Noel, mas pelo jeito crê em absurdos: para ele, apenas Delúbio teria sido responsável pelo esquema que desviou R$ 73 milhões do Banco do Brasil e lavou R$ 55 milhões em operações de fachada no Banco Rural, destinando-os ao bolso de parlamentares corrompidos.

Digamos que o raciocínio de Lewandowski tenha pés e mãos, que circulam e operam, mas certamente não tem cabeça. Se não é Dirceu o "chefe da quadrilha", Delúbio é que não pode ser. 
Quem seria, então? 
O então presidente da República? 
Esta é a única conclusão possível da argumentação do ministro revisor.
Caso se admita que o então ministro da Casa Civil de Lula desconhecia o complexo esquema que envolveu desvio de dinheiro público, fraudes bancárias e ampla coordenação de lideranças partidárias para a construção da base de apoio do governo do PT - e que Lewandowski já admitiu ter existido, ao condenar réus por corrupção passiva - alguém acima dele haverá de ser considerado responsável. Acéfala é o que esta organização não pode ser.
Mas o PT não chegará às urnas no domingo exibindo apenas as qualidades de ser o partido cujos líderes estão metidos até a alma em corrupção e assalto aos cofres públicos. 

O petismo também poderá apresentar-se ao eleitor como o partido da incompetência, como comprova a sequência de apagões aos quais o país tem sido submetido nos últimos tempos.

Há 12 dias, cerca de 6 milhões de consumidores do Nordeste haviam ficado sem luz. Anteontem, quase 2,7 milhões de brasileiros em 13 estados do país - cerca de 7% do total - voltaram a ficar no escuro. E ontem praticamente todo o Distrito Federal entrou em colapso completo por seis horas por falta de energia. O estrago só não foi maior porque todas as térmicas do país estão ligadas.

Para o governo, são meros "apaguinhos". Que nada: só neste ano, já houve 32 interrupções de fornecimento de energia de grandes proporções no país, que se somam a 61 registradas em 2011, como mostra (O Estado de S.Paulo).

Com baixo investimento e descuidos na manutenção, que tendem a se agravar com as novas regras para renovação dos contratos de concessão que Dilma Rousseff quer impor ao setor, os apagões nossos de cada dia estão cada vez mais frequentes.

A despeito de toda esta ficha corrida de serviços prestados à nação, o PT continua a apresentar-se ao eleitor como a redenção do país. O partido assanha-se com a perspectiva de tomar de assalto orçamentos municipais polpudos e é capaz de quaisquer meios para alcançar seus fins - como ilustra, mais uma vez, o episódio de Parauapebas (PA), onde a Polícia Federal apreendeu R$ 1,1 milhão que o PT pretendia usar para comprar voto no domingo, como informa (O Globo.)

Este é o partido que quer o voto de milhões de brasileiros daqui a dois dias. A ele, o eleitor deve dizer sonoros "não": 
não às falcatruas; 
não à ladroagem; 
não à incompetência; 
não ao descaso com os serviços mais elementares; 
não ao desprezo por valores que os brasileiros tanto respeitam e estimam. 

Domingo é dia de também dizer não ao apagão. 
É dizer de dizer não ao mensalão. 
É dia de derrotar o PT.



Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Não ao mensalão; não ao apagão

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