"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 19, 2012

DURANTE E APÓS EXIBIÇÃO DO FINAL DE AVENIDA BRASIL ... CONTINUA NO brasil maravilha dos FARSANTES A : Novela sem fim no país do improviso


Hoje à noite, o país estará vidrado no fim da trama que envolve Tufão, Nina e Carminha. Em países normais, o último capítulo de uma novela de TV é apenas um momento a mais de envolvimento dos telespectadores e de entretenimento da população. No país do improviso, é motivo de preocupação.

Em função do esperado aumento de consumo que deve ocorrer nesta noite tão logo o país saiba quem matou Max, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) determinou ontem que térmicas movidas a óleo combustível fossem acionadas para gerar energia e evitar um possível apagão. Parece até coisa de ficção.

É comum que, assim que a novela termina, os telespectadores acendam luzes, abram geladeiras, tomem banho - em suma, toquem a vida em frente. Registra-se, então, um pico de alta no consumo de energia: em janeiro, no minuto seguinte ao fim da novela Passione, a demanda subiu 4,8%, um recorde. Seria tudo coisa normal, desde que não estivéssemos no Brasil, onde tudo anda no fio da navalha.

O país se viu obrigado a acionar suas térmicas em razão da situação dos nossos reservatórios, atualmente no nível mais baixo desde 2003. O regime de poucas chuvas decorrente do fenômeno climático El Niño deixou as represas no osso, impedindo que as usinas hidrelétricas gerassem sozinhas energia suficiente para abastecer o país.

A solução tem sido acionar termelétricas, cuja energia não é apenas mais cara, como também mais suja e poluente. Até agora, havia sido preciso ligar apenas térmicas a gás. Mas ontem entraram em operação as usinas movidas a óleo combustível e, caso necessário, em seguida entrarão também as a óleo diesel. Se nem isso for suficiente, ato seguinte é melhor os brasileiros começarem a rezar para que o país não flerte perigosamente com o risco de apagão...

O consumidor já vai sofrer no bolso. Um megawatt-hora de uma térmica a óleo custa cerca de R$ 700. Nas térmicas a gás, não passa de R$ 300 e nas hidrelétricas é menos de R$ 100. Estima-se que, incapaz de gerar energia suficiente mesmo com seu enorme potencial hídrico, o país deverá gastar R$ 1 bilhão a mais neste ano para acionar térmicas, com impacto de 3% a 4% nas contas de luz em 2013, de acordo com o Valor Econômico.

Este é mais um fator a colocar em xeque a alardeada promessa de redução das contas de luz feita em cadeia nacional pela presidente Dilma Rousseff no último 7 de setembro. O atabalhoado processo de renovação dos contratos de concessão das empresas do setor elétrico - feito em
("atropelo"), segundo o próprio diretor-geral da Aneel, e capaz de gerar um ( rombo ) de R$ 22 bilhões nas companhias - é outro fator de dúvidas e riscos. 

Mas os improvisos não estão apenas no setor elétrico. Também se nota na novela da privatização dos aeroportos - que a gestão petista teima em segurar para depois das eleições para não ser "acusada" de fazer a coisa certa - e até na falta de combustível em algumas regiões do país.

A concessão dos terminais do Galeão, no Rio, e de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, tornou-se rocambolesca, e já ameaça definitivamente as obras e melhorias com vistas à Copa do Mundo. O governo não sabe se mantém o modelo que adotou na privatização dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, se reduz a participação da Infraero ou se compra uma bicicleta.

Com a estatal nos consórcios, espanta investidores mais experientes, que não querem ser sócios de um elefante branco. Sem ela, pretende recorrer a fundos de pensão. Tudo para manter o Estado no negócio, ao invés de tomar o rumo certo e passar os aeroportos integralmente para o regime de eficiência privada.

Como se não bastasse, no país do improviso já falta até gasolina nos postos, como está acontecendo no Rio Grande do Sul desde a semana passada. O problema decorre das dificuldades que a Petrobras tem enfrentado para descarregar petróleo e nafta nos portos gaúchos por causa de ventos fortes e mar agitado, segundo
o (G1.)

Eis a cansativa e interminável novela que os brasileiros somos obrigados a assistir nesta improvisada avenida Brasil governada pelo PT, onde um pneu de avião estourado, um capítulo de telenovela, o mar agitado, a falta de chuva ou o excesso de vento é capaz de pôr o conforto da população em risco. 
Isto precisa ter um "the end".

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Novela sem fim no país do improviso

Nenhum comentário: