Vinte e cinco anos em 10.
Foi o que o Brasil fez na primeira década dos anos 2000 ao reduzir em 57,4% a pobreza no país.
Segundo as metas do milênio estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), o país teria um quarto de século para cortar pela metade as desigualdades sociais, mas o fez em um decênio, entre 2001 e 2011.
Apesar de permanecerem entre as 12 mais altas do mundo, as discrepâncias sociais nunca estiveram tão baixas:
o menor nível desde o início dos registros nacionais, em 1960.
Em 2001, a pobreza representava 24,5% da população, passando para 10,4%, em 2011. Para se ter uma ideia, somente entre 2003 e 2011, 23,4 milhões de brasileiros saíram da pobreza.
Os dados fazem parte da pesquisa A Década Inclusiva (2001-2011):
Desigualdade, Pobreza e Políticas de Renda, divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). "A queda da desigualdade aconteceu durante 10 anos consecutivos, sem interrupção, o que é algo inédito", comemora o presidente do Ipea, Marcelo Neri.
Mais da metade, ou seja, 52%, do encolhimento da pobreza deve ser conferida à redução das distâncias entre o que os mais pobres e os mais ricos ganham. Enquanto a renda dos 10% mais ricos subiu 16,6% entre 2001 e 2011, a dos 10% mais pobres saltou incríveis 91,2% no mesmo período, elevação cinco vezes superior.
O mercado de trabalho lidera a lista entre os principais responsáveis pelo resultado, 58%,
seguido pela Previdência (19%),
pelo Bolsa Família (13%),
pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), 4%,
e por outras rendas (6%).
Camuflados
Sem medo da vergonha ! Agora, chegamos à parte escrita sob medida para "crédulos" :
Carro e casa
O manobrista Paulo Júnior Silva de Oliveira, 32 anos, é um retrato da melhoria de vida que milhões de brasileiros vêm experimentando. Em 2000, saiu da fazenda do pai na Bahia para ir para Belo Horizonte (MG).
"Lá, a gente trabalhava para viver, não tinha ganho nenhum", lembra.
Hoje, o baiano está empregado, ganha um salário mínimo, tem carro, casa e família.
"As portas do emprego se abriram demais nos últimos anos. Por isso, corro atrás para aumentar a renda. A vida só é dura para quem é mole", brinca ele, que, inclusive, abriu mão da renda da mulher, que fica em casa para cuidar da filha.
Sem as políticas redistributivas patrocinadas pelo governo federal, como o Bolsa Família, a desigualdade teria caído 36% menos na última década.
Excluída a transferência de recursos realizada pelo programa, caberia à renda média o crescimento de quase 89% entre 2001 e 2011 para que a pobreza tivesse a mesma queda registrada no estudo do Ipea
Paula Takahashi/Correio Braziliense
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