A geração de empregos formais foi fraca em agosto.
Segundo os dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, no mês passado o saldo líquido do emprego foi de 100.938, praticamente a metade dos 190 mil postos de trabalho criados no mesmo período de 2011.
Foi o pior resultado para agosto nos últimos nove anos e também o mês com menor criação de vagas neste ano.
No acumulado dos oito meses do ano foi gerado 1,37 milhão de vagas com carteira assinada, o que representa uma queda de 24,5% frente ao desempenho de igual período do ano passado, quando foi criado 1,82 milhão de empregos formais.
É também o pior resultado para períodos de oito meses desde 2009, quando foram criados 842 mil empregos com carteira assinada.
A perda de ritmo na geração de emprego surpreendeu até mesmo os técnicos do Ministério do Trabalho. Depois de julho, que apresentou um bom resultado, a expectativa era de que o número de vagas para os trabalhadores com carteira assinada deslanchasse.
Não foi o que aconteceu.
"O movimento do mercado de trabalho neste ano está bastante irregular, com enorme grau de imprevisibilidade", observou o secretário interino de Políticas de Emprego e Salário, Rodolfo Torelly.
Impossível repetir
Torelly já está convencido de que não será possível repetir, em 2012, o desempenho do mercado de trabalho em 2011 que, depois dos ajustes feitos, ficou com um saldo líquido do emprego formal de 2,2 milhões.
No máximo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) chegará à criação de 1,7 milhão de empregos — o mais provável é um número em torno de 1,5 milhão.
Outros 300 mil poderão ser agregados com a incorporação das movimentações de pessoal informadas com atraso pelas empresas e também com os dados dos funcionários públicos, extraídos da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
Para ter certeza de que esse cenário se concretizará, o Ministério do Trabalho aguarda ansioso os dados de setembro.
"Assim como maio, setembro sempre é um mês muito dinâmico no mercado de trabalho. Esperamos um número bom, mas mesmo assim abaixo do resultado de setembro do ano passado", disse Torelly. Em setembro de 2011 foram criados 251 mil novos empregos.
Agricultura
Em agosto, com exceção da agricultura e de alguns subsetores da indústria, que tiveram desempenho negativo por conta de fatores sazonais, todos os grandes setores da economia expandiram o nível do emprego.
O problema é que a expansão foi baixa. Os serviços, por exemplo, geraram 54.323 postos de trabalho, o comércio 31.347, a indústria de transformação 16.438 e a construção civil 11.278 postos de trabalho.
A perda de 16.615 vagas na agricultura se deve ao encerramento do ciclo do cultivo do café. Isso foi determinante, por exemplo, para que Minas Gerais registrasse o fechamento de 2.787 vagas em agosto. No mês, além de Minas, só o Espírito Santo reduziu em 501 o número de postos de trabalho.
Nos demais estados o desempenho foi positivo, apesar do fechamento de 3.340 vagas na indústria da borracha e na de fumo. Foram registrados 831 postos de trabalho a menos na indústria metalúrgica e um resultado também negativo de 136 vagas fechadas na indústria de calçados.
Vânia Cristino
Correio Braziliense
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