Não difere em nada da postura indecente do partido dele, o PT.
O mais recente episódio envolvendo Lula em tenebrosas tratativas foi revelado pela revista Veja em sua edição desta semana. O ex-presidente sugeriu a Gilmar Mendes, um dos 11 ministros do STF, que postergasse o julgamento do mensalão para 2013, data considerada menos "inconveniente" por Lula.
Mas a conversa não parou por aí e foi seguida de uma chantagem explícita por parte do ex-presidente. Ele sugeriu que tem o controle da CPI que investiga as ligações do contraventor Carlinhos Cachoeira com o submundo da política e que, nesta posição, poderia livrar Mendes de qualquer apuração mais constrangedora.
"Se Gilmar aceitasse ajudar os mensaleiros, seria blindado na CPI.
Decupando acena, o que se tem é um ex-presidente oferecendo salvo-conduto a um ministro da mais alta corte do país, como se o Brasil fosse uma nação de beduínos do século XIX com sua sorte entregue aos humores de um califa", resume a revista.
Como de praxe, Lula negou o conteúdo revelado pela revista, assim como o fez também o ex-ministro Nelson Jobim, anfitrião do encontro.
Mas hoje Jorge Bastos Moreno esmiúça, nO Globo, ainda mais a conversa, ocorrida em 26 de abril, uma quinta-feira:
"Gilmar teve a prova definitiva de que tinha sido escolhido pelo PT como símbolo da tentativa de desmoralizar o Judiciário".
Para tentar constranger a mais alta corte judiciária do país, Lula fia-se no fato de ter indicado seis dos 11 atuais ministros do Supremo. Acha que, por isso, teria ascendência e força suficientes para orientar-lhes os votos.
Trata-se de uma visão torpe de como devem funcionar as instituições num regime republicano. Lula acha que o que vale é o poder de mando.
A cruzada do ex-presidente para reescrever a história e tentar transformar o mensalão em farsa não tem limites. Vem desde que ele ainda ocupava o cargo mais alto do Poder Executivo. Mas Lula passou a dedicar-se especialmente à missão depois que voltou à planície.
É certo, por exemplo, que o ex-presidente esteve por trás da criação da CPI, cujo objetivo escancarado é desviar a atenção do julgamento do escândalo comandado por José Dirceu e seus outros 35 réus, atingir a imprensa e o Ministério Público, e constranger a oposição.
Lula é um líder partidário e suas atitudes deletérias acabam servindo de exemplo para seus simpatizantes. Se um ex-presidente se vê no direito de agir com tamanha desenvoltura para deflagrar um ilícito como o que propôs a Gilmar Mendes, o que esperar de seus seguidores?
A postura do PT não deixa dúvidas de que os maus hábitos, desde seu maior expoente, são a tônica por lá. É o que mostra, por exemplo, a suspeitíssima movimentação financeira do partido de Lula em 2011, ano em que os petistas encheram os cofres de dinheiro, arrecadado de empresas agraciadas com contratos firmados com o governo federal.
No ano passado, o PT obteve R$ 50,7 milhões em doações feitas por pessoas jurídicas. O valor corresponde a aproximadamente 20 vezes o que o PMDB e o PSDB, cada um, arrecadaram no mesmo período - respectivamente, o segundo e o terceiro maior montantes.
Equivale a 89,5% de tudo o que foi doado por empresas aos 29 partidos brasileiros em 2011, informa o Valor Econômico hoje.
Parte desta montanha de dinheiro - advindo de empresas com milionários contratos com o governo Dilma Rousseff, como mostrou O Globo no sábado - foi usada para pagar uma suposta dívida do PT com o Banco Rural, no valor de R$ 8,3 milhões.
O partido tenta dar ares de operação financeira ao que foi, na realidade, pura lavagem de dinheiro do mensalão. Irmana-se, portanto, a Lula na construção de sua própria farsa.
O comportamento do ex-presidente difere de tudo o que se espera de alguém que já ocupou o mais alto cargo da República. Afasta-se do que se poderia aguardar de quem gostaria de entrar para a história como o mais querido presidente brasileiro.
Mas que não restem dúvidas:
o mensalão existiu e o medo que os principais acusados têm de passar alguns anos na cadeia - corroborado pela atitude indecorosa de Lula - é a prova mais evidente disso.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Atitudes indecentes
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