"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 27, 2012

R$ 21,037 bilhões. Em março, governo teve o maior gasto da história com pagamento de juros.

Os gastos com juros nas contas do setor público em março somaram R$ 21,037 bilhões, o maior valor da história. Essa quantia corroeu toda a economia que o governo tinha feito anteriormente, o que resultou em um déficit nominal de R$ 10,595 bilhões no mês.

O dado foi divulgado pelo Banco Central, nesta sexta-feira, 27, e mostra que o esforço para o pagamento de juros da dívida, o chamado superávit primário, foi insuficiente para pagar a dívida junto aos detentores de títulos brasileiros.

"Apesar de recorde, tivemos um patamar muito semelhante ao visto um ano antes. É só um pouco acima de 2011", minimizou o chefe do departamento econômico do Banco Central, Tulio Maciel.

"Mesmo sendo o pior desempenho para o mês, o número indica um aspecto bastante favorável: estamos em mesmo patamar do ano passado", disse, ao lembrar que março de 2012 teve um dia a mais que em 2011 e que o estoque da dívida bruta seguiu em elevação e acumula crescimento de 11% no ano.

"Isso evidencia que o custo da dívida diminuiu. Diminuiu porque a taxa Selic caiu e a inflação também", explicou, ao comentar que o quadro econômico sinaliza que a tendência é de queda dos gastos com juros da dívida ao longo do ano.

Segundo o BC, a maior parte do déficit no mês passado foi gerada pelo Governo Central, que respondeu por R$ 10,336 bilhões. Já os governos regionais (Estados e municípios) terminaram março quase no zero a zero, com déficit nominal R$ 48 milhões. Empresas estatais responderam por fatia de R$ 211 milhões em março.

Nesse valor não estão a Petrobrás e a Eletrobras.
Na comparação com março de 2011, o resultado do mês passado apresenta elevação já que naquele mês o setor público havia registrado déficit nominal de R$ 6,949 bilhões.

No acumulado do primeiro trimestre de 2012, o setor público registrou déficit nominal de R$ 12,995 bilhões, equivalente a 1,27% do Produto Interno Bruto (PIB). O porcentual sinaliza melhora na comparação com igual período de 2011, quando as contas públicas amargavam saldo negativo equivalente a 2,05% do PIB.

No acumulado em 12 meses até março, o déficit nominal do setor público consolidado alcançou R$ 101,275 bilhões, equivalente a 2,41% do PIB.

Juros

Os gastos com juros nas contas do setor público em março foram maiores do que as verificadas no mesmo mês do ano passado, quando atingiram R$ 20,549 bilhões. No acumulado do ano, os gastos com juros nas contas do setor público subiram para R$ 58,968 bilhões, o equivalente a 5,78% do PIB.

Os dados do Banco Central mostram, no entanto, um recuo nessas despesas no primeiro trimestre do ano. No ano passado, as despesas com juros acumuladas estavam em 6,13% do PIB (R$ 58,945 bilhões).

Em 12 meses, os gastos com juros caíram para 5,64% do PIB ate março, ou R$ 236,696 bilhões. Até fevereiro, essas despesas estavam mais altas e eram equivalentes a 5,67% do PIB.

Fernando Nakagawa e Adriana Fernandes, da Agência Estado

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