À espera da troca de comando na Petrobras, que será sacramentada hoje pelo conselho, com a indicação de Graça Foster para a presidência, o mercado não enxerga nenhum resultado da companhia capaz de funcionar como um "gatilho" para o preço das ações.
Dessa vez, a maior expectativa dos analistas que acompanham a empresa diz respeito aos investimentos da Petrobras no último trimestre do ano - quando são lançadas as despesas mais pesadas -, e menos ao resultado operacional.
Existe também curiosidade em torno dos planos de investimentos da companhia, que no momento está em processo de aquisição de caríssimos equipamentos que vão permitir desenvolver a produção de petróleo e gás no pré-sal.
Ontem, a Petrobras não informou o número de propostas que recebeu para montagem dos módulos e integração dos equipamentos nos oito cascos de plataformas de produção, armazenamento e transferência (FPSOs) para os campos do pré-sal, incluindo Lula.
Sem dar nenhum detalhe ou dado adicional, a estatal informou apenas que alguns participantes apresentaram propostas para todos os conjuntos de módulos e outros não.
Ainda não se sabe se a Petrobras cumpriu sua meta de investimentos de 2011, de R$ 84,7 bilhões. Até setembro, a estatal investiu R$ 50,83 bilhões. A companhia ainda não divulgou sua projeção para este ano.
A média de estimativas de seis casas de análise ouvidas pelo Valor aponta para uma receita líquida em torno de R$ 65 bilhões para a Petrobras no quarto trimestre do ano, contra R$ 54,5 bilhões no mesmo período de 2010.
Sem o ganho cambial fruto da desvalorização de 1,65% do dólar médio nos três últimos meses de 2010 - no quarto trimestre de 2011 houve uma valorização de 1,15% da moeda estrangeira - a companhia deve registrar um lucro líquido cerca de 9,4% menor.
Em relatório para clientes, o Itaú BBA diz esperar um pequeno crescimento de receita devido ao aumento do Preço Médio de Realização (PMR, que traz a média de preços de quase 200 produtos refinados), uma redução das importações ajudada pela queda do consumo de diesel. No entanto, deve haver um pequeno aumento de despesas devido à depreciação do real frente ao dólar no período.
O Itaú BBA projeta receita líquida de R$ 65,732 bilhões, Ebitda de R$ 17,259 bilhões e lucro líquido de R$ 10,353 bilhões.
Embora os níveis de produção tenham ficado perto da estabilidade, o aumento do preços dos produtos comercializados pela Petrobras deve garantir um faturamento cerca de 20% mais elevado para a companhia no quarto trimestre em relação a um ano antes.
Rafael Andreata, analista da Planner, diz que há uma grande expectativa do mercado em relação a teleconferência da estatal. "A empresa precisa esclarecer como vai tratar a questão da transição da presidência", aponta. Segundo ele, o mercado aguarda também mais informações sobre em que ritmo ocorrerá a produção ao longo de 2012.
"Por enquanto, achamos que vai ficar estável. Os resultados da plataforma de produção P-55 (em construção) só devem mostrar impactos em 2013", acredita o analista.
Em relação ao terceiro trimestre, o Bradesco espera que a Petrobras apresente uma queda na margem operacional (antes da linha financeira), de 26% para 24,6%, devido a uma maior taxa de câmbio média e um maior volume de importações de petróleo bruto, que elevaram os custos da companhia.
Em relatório do analista Auro Rozenbaum, o Bradesco projeta lucro líquido de R$ 8,779 bilhões, que se confirmado vai significar uma queda de 17,2% em relação ao lucro registrado no mesmo período de 2010, que foi de R$ 10,602 bilhões.
No entanto, esse resultado significaria um incremento de 38,6% em relação ao terceiro trimestre de 2011.
No ano, as ações preferenciais da Petrobras - as mais líquidas da companhia - sobem 19,43%.
Em 12 meses, o papel cai 1,26%.
Cláudia Schuffner e Marina Falcão | Do Rio e São Paulo Valor Econômico
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