"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 22, 2011

Recuo de moedas emergentes indica fuga de capitais



A forte queda de moedas de economias emergentes em relação ao dólar reflete mais a demanda pela moeda americana como refúgio seguro, em meio à desaceleração das economias desenvolvidas e redução do apetite causado pela crise da zona do euro, do que mudanças importantes na política cambial dos emergentes.

A avaliação é de analistas europeus, prevendo que desvalorização das divisas emergentes poderá continuar pelo resto do ano e que as moedas asiáticas tendem a ser as primeiras a se recuperar.

O que parecia uma onda de valorização persistente das moedas de emergentes acabou sofrendo uma reversão.

O real brasileiro caiu mais de 7% desde segunda-feira.

O won da Coreia do Sul perdeu 2,4% apenas na segunda-feira e a rupia da Indonésia declinou 1%.

O rublo da Rússia perdeu 11% nos últimos dois meses. O forint da Hungria e o zloty da Polônia declinaram mais de 13% contra o dólar.

A moeda americana recuperou parte de seu tradicional status de refúgio seguro. Primeiro, expectativas de mais afrouxamento monetário (QE3) pelo Federal Reserve diminuíram Segundo, isso permitiu ao dólar se beneficiar mais do menor apetite global ao risco.

E terceiro, a desaceleração da economia mundial e queda nos preços de commodities diminuíram a pressão por aperto monetário que antes causara também valorização de moedas dos emergentes.

"Não vemos nenhum desses fatores se inverter tão cedo, de forma que a pressão de baixa das moedas de emergentes pode persistir por mais algum tempo", diz Julian Jessop, chefe de economia global da consultoria Capital Economics.

No caso do real brasileiro, analistas do Barclays, de Londres, veem mais causas de preocupação. Se o mundo desenvolvido cair na recessão, os preços de commodities podem sofrer mais e o real seria afetado.

Outro ponto é sobre o montante de remessas de lucros e dividendos. Conforme o Barclays, desde 2003 o estoque de Investimentos Diretos Estrangeiros (IED) e fluxos de portfólio para o Brasil alcançaram US$ 614 bilhões em meados deste ano.

Mas, em período de estresse, as companhias estrangeiras são pressionadas a enviar mais dinheiro para as matrizes.

O banco nota que foi o que ocorreu em 2008, quando as remessas aumentaram 51% comparadas a 2007. Este ano a saída por essa conta já atingiu US$ 37 bilhões, ante com US$ 30,4 bilhões de 2010.

Para o Barclays, se a situação econômica global deteriorar, o risco é claro de o real sofrer mais pressão de baixa.

Assis Moreira Valor Econômico

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