Câmbio corroeu 57,6% do lucro bruto de 242 companhias, aponta Economatica
Estudo da Economatica com um grupo de 242 empresas de capital aberto mostra que, de 30 de junho até a última terça-feira, o endividamento em moeda estrangeira dessas companhias aumentou o equivalente a R$21,96 bilhões com a alta do dólar no período, passando de R$151,8 bilhões a R$173,7 bilhões.
Isso significa que a valorização cambial no período, de 14,4%, corroeu mais da metade - 57,6% - do lucro antes de impostos e despesas financeiras (Ebit) que essas empresas registraram, juntas, no segundo trimestre.
Se for excluída a Petrobras, cuja dívida em dólar saltou do equivalente a R$73,1 bilhões para R$83,7 bilhões, o aumento do endividamento das outras 241 companhias foi de R$11,3 bilhões.
Esse valor pode ser ainda maior, pois outras 76 empresas listadas na Bolsa de Valores ficaram fora da compilação da Economatica por não terem publicado o valor de suas dívidas em moeda estrangeira nos balanços enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entre as excluídas estão gigantes como Vale, Gerdau, CSN e Usiminas.
Embora a valorização do dólar tenha elevado sua dívida em um valor equivalente a 86,7% do Ebit do segundo trimestre, a Petrobras não vê ameaça a sua contabilidade e se considera protegida do câmbio. Segundo o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, o fato de o preço do petróleo ser cotado em dólar dá à empresa um hedge (proteção) natural, mesmo que o maior volume de suas receitas venha das vendas de derivados no mercado interno.
- O que acontece com essas flutuações são mais efeitos contábeis do que reais - disse Barbassa, para quem o dólar está próximo de seu pico, devendo recuar para um patamar entre R$1,65 e R$1,70 mais adiante.
A JBS, maior exportadora mundial de carne bovina, acumulava dívidas de US$3,8 bilhões no fim de junho e viu essa conta aumentar em quase R$600 milhões até esta semana. Mas também não se considera ameaçada. Segundo seu diretor de Relações com Investidores, Jeremiah O"Callaghan, boa parte desses débitos foi contraída nos Estados Unidos pela JBS USA, e a dívida contraída no Brasil está protegida.
- A geração da dívida e seu custo foi feita nos EUA. Para fins de contabilidade, essa dívida vai aumentar no balanço deste trimestre, mas essa variação é mais contábil - afirmou ele, lembrando que o faturamento da JBS, por ser grande exportadora, também vai aumentar com a alta da moeda americana. - Vamos receber mais reais, que compensam boa parte do aumento da dívida em dólar.
O estudo da Economatica não considera as estratégias de hedge cambial eventualmente adotadas pelas empresas.
- Essa é uma análise seca, em cima de valores do balanço do segundo trimestre - diz Einar Rivero, da Economatica.
A despeito do efeito contábil do câmbio nos balanços das empresas no trimestre corrente, a maior parte dos analistas trabalha com a perspectiva de uma acomodação do dólar à frente. Para Sidney Nehme, diretor da NGO Corretora, essa elevação das dívidas é passageira. Ele projeta o dólar a R$1,70 em dezembro:
- Há uma série de movimentos no mercado que apontam que o real voltará a se valorizar ainda este ano.
Ronaldo D"Ercole O Globo
Estudo da Economatica com um grupo de 242 empresas de capital aberto mostra que, de 30 de junho até a última terça-feira, o endividamento em moeda estrangeira dessas companhias aumentou o equivalente a R$21,96 bilhões com a alta do dólar no período, passando de R$151,8 bilhões a R$173,7 bilhões.
Isso significa que a valorização cambial no período, de 14,4%, corroeu mais da metade - 57,6% - do lucro antes de impostos e despesas financeiras (Ebit) que essas empresas registraram, juntas, no segundo trimestre.
Se for excluída a Petrobras, cuja dívida em dólar saltou do equivalente a R$73,1 bilhões para R$83,7 bilhões, o aumento do endividamento das outras 241 companhias foi de R$11,3 bilhões.
Esse valor pode ser ainda maior, pois outras 76 empresas listadas na Bolsa de Valores ficaram fora da compilação da Economatica por não terem publicado o valor de suas dívidas em moeda estrangeira nos balanços enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entre as excluídas estão gigantes como Vale, Gerdau, CSN e Usiminas.
Embora a valorização do dólar tenha elevado sua dívida em um valor equivalente a 86,7% do Ebit do segundo trimestre, a Petrobras não vê ameaça a sua contabilidade e se considera protegida do câmbio. Segundo o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, o fato de o preço do petróleo ser cotado em dólar dá à empresa um hedge (proteção) natural, mesmo que o maior volume de suas receitas venha das vendas de derivados no mercado interno.
- O que acontece com essas flutuações são mais efeitos contábeis do que reais - disse Barbassa, para quem o dólar está próximo de seu pico, devendo recuar para um patamar entre R$1,65 e R$1,70 mais adiante.
A JBS, maior exportadora mundial de carne bovina, acumulava dívidas de US$3,8 bilhões no fim de junho e viu essa conta aumentar em quase R$600 milhões até esta semana. Mas também não se considera ameaçada. Segundo seu diretor de Relações com Investidores, Jeremiah O"Callaghan, boa parte desses débitos foi contraída nos Estados Unidos pela JBS USA, e a dívida contraída no Brasil está protegida.
- A geração da dívida e seu custo foi feita nos EUA. Para fins de contabilidade, essa dívida vai aumentar no balanço deste trimestre, mas essa variação é mais contábil - afirmou ele, lembrando que o faturamento da JBS, por ser grande exportadora, também vai aumentar com a alta da moeda americana. - Vamos receber mais reais, que compensam boa parte do aumento da dívida em dólar.
O estudo da Economatica não considera as estratégias de hedge cambial eventualmente adotadas pelas empresas.
- Essa é uma análise seca, em cima de valores do balanço do segundo trimestre - diz Einar Rivero, da Economatica.
A despeito do efeito contábil do câmbio nos balanços das empresas no trimestre corrente, a maior parte dos analistas trabalha com a perspectiva de uma acomodação do dólar à frente. Para Sidney Nehme, diretor da NGO Corretora, essa elevação das dívidas é passageira. Ele projeta o dólar a R$1,70 em dezembro:
- Há uma série de movimentos no mercado que apontam que o real voltará a se valorizar ainda este ano.
Ronaldo D"Ercole O Globo
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