Influenciada por remessa de lucros ao exterior e vendas de ações, a cotação sobe 1,75%
Diante de uma estrondosa fuga de dólares do país, a cotação da moeda norte-americana interrompeu três dias de queda e voltou a subir fortemente ontem, fechando o dia em R$ 1,836, com alta de 1,75%.
Em setembro, a valorização da divisa estrangeira já chega a 15%.
Mais que o cenário de incertezas em relação à Europa e a um possível calote grego, a reviravolta foi puxada pela remessa de lucros de multinacionais e venda de ações de estrangeiros, movimento que despachou US$ 2,31 bilhões entre 19 e 23 de setembro.
Em apenas um dia, na quinta-feira passada, US$ 1,19 bilhão deixou o país.
O movimento de fuga foi detectado pelo Banco Central depois de três semanas de entrada forte de dólares no Brasil. Até 16 de setembro, aplicações estrangeiras em ações, títulos de renda fixa e investimentos no setor produtivo foram responsáveis pela internalização de US$ 2,61 bilhões.
Mas, em apenas uma semana, quase todo esse volume foi anulado pela saída repentina. Para operadores do mercado financeiro, a tendência é de que esse movimento continue, já que nesta época do ano as multis são requisitadas a remeter lucros às matrizes no exterior.
Saldo
O saldo da entrada e da saída da moeda vem perdendo fôlego.
Na semana passada, o BC registrou resultado negativo de US$ 431 milhões no fluxo cambial. Ainda assim, o país obteve entrada líquida de US$ 8 bilhões até 23 de setembro.
No ano, ele ainda é positivo em US$ 67,8 bilhões — um número bastante superior ao resultado de todo o ano passado, que ficou em US$ 24,3 bilhões.
A entrada de capitais no país mantém a liquidez do mercado à vista de câmbio — é o principal argumento do BC para não intervir por meio da venda de moeda estrangeira quando o dólar chegou a R$ 1,95, na semana passada.
Mas, se a cotação voltar a cruzar a barreira psicológica de R$ 1,90, a autoridade monetária poderá intervir novamente no mercado futuro (de derivativos), como fez na semana passada.
A taxa do dólar Ptax, usada como referência para os ajustes nesses contratos, fechou em alta de 0,68%, cotada a R$ 1,813.
Debandada
A saída de dólares do país parece um movimento orquestrado. Além das multinacionais, também foi forte a saída de recursos estrangeiros do mercado de ações.
A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) informou que os investidores se desfizeram de R$ 914 milhões (US$ 500 milhões) na semana passada, um movimento que contribuiu para piorar ao saldo negativo apurado pelo Banco Central.
Valor Econômico
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