"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 29, 2011

BC vê inflação no centro da meta só no 2º tri de 2013

No relatório de inflação do terceiro trimestre, divulgado hoje pelo BC, a autoridade monetária revisou para baixo a previsão de crescimento para este ano, de 4% para 3,5%, mas elevou a estimativa de inflação.

No cenário de referência, que supõe que a taxa de juros continuará em 12% e que o câmbio permanecerá em R$ 1,65 por dólar, ou seja, não leva em conta a disparada recente da moeda americana, o IPCA fechará o ano em 6,4%, bem acima dos 5,8% projetados anteriormente.

Ou seja, na visão do BC, a inflação encostará no teto da meta (6,5%) em 2011. Além disso, diz que a probabilidade de ultrapassar esse patamar este ano é de 45%.

O presidente do BC, Alexandre Tombini, vinha dizendo que a inflação convergiria para o centro da meta (4,5%) no ano que vem; o relatório prevê, no entanto, que o IPCA não ficará em 4,5%, mas em 4,7%, pouco abaixo do previsto no documento anterior (4,8%), em 2012.

O IPCA só voltaria para o centro da meta no 2º trimestre de 2013, de acordo com o relatório do BC.

Essas previsões são as primeiras divulgadas após o Copom cortar os juros em 0,5 ponto na reunião de 31 de agosto.

O economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio, analisou o relatório e destacou um trecho que diz que "ajustes moderados no nível da taxa básica são consistentes com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012".

- Se o BC se comunicasse bem, coisa que não faz, isso significaria que os próximos cortes seriam modestos, mas não dá para afirmar isso - diz.

Segundo o professor, o BC se mostra preocupado com vários riscos - "e faz uma argumentação bem feita sobre eles", mas centra a atenção no agravamento da crise internacional que, de acordo com Cunha, pode não provocar a queda dos preços no Brasil, como o BC acredita.

- O parlamento alemão votou hoje a ampliação do fundo de resgate. A Europa vai empurrar a crise com a barriga, para ganhar tempo de blindar os bancos franceses, se organizar, antes do calote da Grécia. Mas o BC acha que um doble dip (duplo mergulho) é mais provável - afirma.

Quando explica as razões para ter revisado para baixo a projeção para o crescimento do PIB deste ano, o BC destaca, por exemplo, a piora da situação externa:

- Essa revisão reflete ações de política implementadas desde o final do ano passado e, principalmente, a deterioração do cenário internacional, que tem levado a reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos - informa o relatório.

Valéria Maniero/O Globo

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