Citado no Congresso como "o intelectual do grupo Sarney", Gastão Vieira virou ministro do Turismo porque, além do peso do presidente do Senado na escolha, passou pelo pente-fino do Palácio do Planalto na sua ficha política. Na noite de quarta-feira, quando a bancada do PMDB na Câmara tinha uma lista de quatro nomes para o cargo, seus colegas brincavam: "Ele passou pelo crivo do Google, por enquanto".
Disputavam a indicação com Gastão os colegas de bancada Marcelo Castro (PI), Manoel Junior (PB) e, com menos chances, Lelo Coimbra (ES). Os dois primeiros não passaram pelo crivo no quesito "ficha limpa".
- Dilma não queria nomear num dia e ver o cara caindo no fim de semana. Sarney já tinha feito intervenções para manter o Turismo com o Maranhão e entrou de novo nesse momento. Deu Gastão - contou um dirigente do PMDB.
De fato, o novo ministro não tem problemas na Justiça nem foi citado em esquemas de corrupção. Frequentou o noticiário com aspectos negativos quando empregou uma das filhas no seu gabinete na Câmara, mas a demitiu depois que o Supremo Tribunal Federal estabeleceu regras contra o nepotismo.
Também por conta das filhas voltou ao noticiário ao deixá-las no apartamento funcional da Câmara, em Brasília, quando assumiu o cargo de secretário de Educação de Roseana Sarney, no Maranhão. Alegou que, se tivesse que devolver o imóvel, voltaria ao mandato, pois sua família morava lá desde 1995. A Câmara não lhe tirou o apartamento. Entre 2009 e 2010, voltou ao governo de Roseana, como secretário de Planejamento.
Gastão, de 65 anos, é advogado, mas no Congresso sua atuação foi voltada quase que exclusivamente para a área de educação em cinco mandatos de deputado federal. Sua grande vitrine foi a elaboração do Plano Nacional de Educação.
Por sua atuação no Congresso, tem entre seus doadores de campanha empresários da área de educação.
O maior problema de Gastão, como se diz reservadamente no governo, é o fato de ser fiel aliado da família Sarney. A aproximação começou em 1985, quando foi convidado por Roseana Sarney, que então secretariava o pai na Presidência da República, para formar um grupo que foi batizado de "Sorboninha", em referência à universidade de Sorbonne, na França, para estudar os problemas do Maranhão e apresentar projetos. Indagado ontem se a indicação de Sarney o diminuía, rebateu:
- Absolutamente não. Sou ligado à família Sarney há muito tempo, mas o Sarney nunca impôs que eu fizesse nada. Eu tenho objetivos e programas bem claros na minha cabeça.
Desempenho fraco na disputa por prefeitura
O apoio da família Sarney não foi suficiente para evitar seu maior fiasco político, quando foi o sexto colocado nas eleições para a Prefeitura de São Luís, em 2008, com apenas 9.508 votos. Mas, em 2010, ele se recuperou e foi o deputado federal mais votado no estado, com 134.665 votos. Entre os adversários de Sarney, o novo ministro é criticado pela relação com a família mais poderosa do Maranhão.
- O Gastão é um cara que tem um potencial razoável, mas segue os Sarney cegamente. Não tenho notícia dele em coisa suja. Em quatro anos como secretário de Educação de Roseana ele construiu três escolas. E como secretário de Planejamento, a informação é que gastou o dinheiro todo antes do tempo - afirmou o deputado Domingos Dutra (PT-MA).
Maria Lima O Globo
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