Quando perguntei ao presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, em entrevista na semana passada, como seria financiado o projeto de investimento da empresa, ele disse que conseguiria parte dos recursos com venda de produtos e o restante por meio do lançamento de papéis no exterior.
Hoje, reconhece, em entrevista ao Globo, que pode ter dificuldades na captação de recursos e vê riscos para a capitalização de até US$ 91 bi por causa da crise. Então, de onde viria o dinheiro? Há espaço para mais financiamento via bancos públicos?
Citando números do balanço da empresa divulgado ontem, o economista Mansueto Almeida, do Ipea, diz que a dívida da Petrobras com Banco do Brasil, Caixa e BNDES está em R$ 51 bilhões, já descontando as aplicações.
Ele não tem dúvida de que se a empresa não conseguir emprestar no exterior, recorrerá mais uma vez ao BNDES, mas acha que esse não é o melhor caminho:
- Não tenho dúvida de que a retórica da crise pode ser usada para novos empréstimos. Se a Petrobras não conseguir lá fora, o BNDES vai emprestar. Há folga para aumentar a exposição aos bancos públicos, mas isso não é bom - diz.
O economista afirma que, teoricamente, não existe empresa com mais capacidade para levantar dinheiro em qualquer lugar do mundo:
- A Petrobras tem condições de conseguir parceiros privados, mas tem acesso a bancos públicos em condições melhores. Para a empresa, é mais cômodo pegar com o BNDES, mas para o Brasil, seria melhor se pegasse empréstimo com bancos privados. Uma instituição que trabalha com habitação, como a Caixa, não deveria colocar R$ 5,7 bilhões, é equivocado - diz.
Segundo o economista, nas décadas de 80 e 90, a Petrobras se vangloriava de não precisar de apoio do BNDES; hoje, é uma empresa que tem vínculo grande com o banco.
Em 2006, de acordo com Mansueto, a companhia era grande aplicadora dos bancos públicos; em 2011, no entanto, tem dívida elevada:
- O passivo (empréstimos) da Petrobras junto aos bancos públicos passou de menos R$ 2,56 bilhões (os depósitos eram maiores que sua dívida junto a bancos públicos), em 2006, para R$ 50 bilhões em 2010, e agora, para R$ 51 bi.
Isso aconteceu sem precisar.
É mais competitivo captar no mercado privado, mas está exposta aos bancos públicos.
Se uma empresa com as qualidades da Petrobras ainda precisa de um apoio tão forte do setor público para o seu crescimento, o que podemos dizer dos milhares de empresários pequenos e médios do Brasil? - pergunta.
O economista lembra que recentemente o Tesouro deu empréstimo de R$ 55 bi ao BNDES e se aumentarem ainda mais os empréstimos para a Petrobras, esses aportes do Tesouro também podem crescer.
Mirian Leitão/O Globo
Hoje, reconhece, em entrevista ao Globo, que pode ter dificuldades na captação de recursos e vê riscos para a capitalização de até US$ 91 bi por causa da crise. Então, de onde viria o dinheiro? Há espaço para mais financiamento via bancos públicos?
Citando números do balanço da empresa divulgado ontem, o economista Mansueto Almeida, do Ipea, diz que a dívida da Petrobras com Banco do Brasil, Caixa e BNDES está em R$ 51 bilhões, já descontando as aplicações.
Ele não tem dúvida de que se a empresa não conseguir emprestar no exterior, recorrerá mais uma vez ao BNDES, mas acha que esse não é o melhor caminho:
- Não tenho dúvida de que a retórica da crise pode ser usada para novos empréstimos. Se a Petrobras não conseguir lá fora, o BNDES vai emprestar. Há folga para aumentar a exposição aos bancos públicos, mas isso não é bom - diz.
O economista afirma que, teoricamente, não existe empresa com mais capacidade para levantar dinheiro em qualquer lugar do mundo:
- A Petrobras tem condições de conseguir parceiros privados, mas tem acesso a bancos públicos em condições melhores. Para a empresa, é mais cômodo pegar com o BNDES, mas para o Brasil, seria melhor se pegasse empréstimo com bancos privados. Uma instituição que trabalha com habitação, como a Caixa, não deveria colocar R$ 5,7 bilhões, é equivocado - diz.
Segundo o economista, nas décadas de 80 e 90, a Petrobras se vangloriava de não precisar de apoio do BNDES; hoje, é uma empresa que tem vínculo grande com o banco.
Em 2006, de acordo com Mansueto, a companhia era grande aplicadora dos bancos públicos; em 2011, no entanto, tem dívida elevada:
- O passivo (empréstimos) da Petrobras junto aos bancos públicos passou de menos R$ 2,56 bilhões (os depósitos eram maiores que sua dívida junto a bancos públicos), em 2006, para R$ 50 bilhões em 2010, e agora, para R$ 51 bi.
Isso aconteceu sem precisar.
É mais competitivo captar no mercado privado, mas está exposta aos bancos públicos.
Se uma empresa com as qualidades da Petrobras ainda precisa de um apoio tão forte do setor público para o seu crescimento, o que podemos dizer dos milhares de empresários pequenos e médios do Brasil? - pergunta.
O economista lembra que recentemente o Tesouro deu empréstimo de R$ 55 bi ao BNDES e se aumentarem ainda mais os empréstimos para a Petrobras, esses aportes do Tesouro também podem crescer.
Mirian Leitão/O Globo
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