A depender do analista, o programa Brasil Maior lançado pelo governo federal ontem pode ter como efeito um ganho de inovação na economia ou produzir um choque inflacionário.
A mesma medida - desoneração da folha de pagamentos para quatro setores - é vista pelos especialistas consultados pelo Valorcomo "ótima saída" às dificuldades sofridas pela indústria brasileira e como "convite" a novas contratações em um mercado de trabalho já pressionado pela falta de mão de obra qualificada e salários em alta, servindo de gatilho para inflação.
Para Júlio Sérgio Gomes de Almeida, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o programa "combate a anemia pela qual a indústria brasileira está passando", ao reduzir encargos que incidem sobre a folha de pagamentos de setores tradicionais do polo industrial brasileiro, como produtores de calçados, confecções e móveis.
Além disso, diz, a participação direta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento a projetos de inovação - cujo modelo de financiamento ao pré-projeto foi desenhado com auxílio do Iedi - é "salutar" e "oportuna".
Já para José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista da Opus Gestão de Recursos, ao desonerar a folha de pagamentos e elevar a 25% o ágio que o governo pagará ao produto nacional em suas licitações, a nova política industrial "tem forte conteúdo inflacionário", porque, segundo ele, "reduz ainda mais a taxa de desemprego".
Camargo diz-se impressionado com as medidas.
"Estamos em um cenário de inflação pressionada, correndo risco de a meta do Banco Central ser descumprida não apenas neste ano, mas também em 2012, e o programa que o governo lança joga ainda mais lenha na fogueira", afirma.
Segundo ele, governo e industriais devem "esquecer" a ideia de que o país precisa ser autossuficiente em bens manufaturados.
"Alguém já viu produtor de café reclamar e pedir programa setorial? Por que o agronegócio não recebe políticas de incentivo? Porque tem grande produtividade", diz Camargo.
Para Edgard Pereira, sócio da Edgard Pereira & Associados e professor da Unicamp, a "grande medida" do Brasil Maior é a desoneração da folha de pagamentos.
Essa terá efeito imediato para as empresas, avalia Pereira.
"Não quer dizer que as empresas sairão contratando, mas sim que a redução nos custos de produção poderá ser repassada aos preços, tornando o produto nacional mais competitivo no mercado interno, na disputa com os importados chineses, e eventualmente no mercado externo", afirma. "É uma ótima saída."
(...)
A inclusão do segmento de software entre os beneficiados pela zeragem da contribuição patronal à Previdência na folha de pagamentos (substituída por uma tributação sobre o faturamento) surpreendeu o empresário Luigi Nese, presidente do Sindicato das Empresas de Processamento de Dados de São Paulo.
"Achei curiosa a inclusão de um setor de serviços na nova política industrial", diz Nese, "mas, de uma perspectiva de experimentação [quanto a substituição da cobrança de encargos da folha para o faturamento] faz todo o sentido".
De acordo com Nese, que também é o presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), a folha de pagamentos representa entre 60% e 80%, em média, dos custos totais das empresas de software.
Valor
A mesma medida - desoneração da folha de pagamentos para quatro setores - é vista pelos especialistas consultados pelo Valorcomo "ótima saída" às dificuldades sofridas pela indústria brasileira e como "convite" a novas contratações em um mercado de trabalho já pressionado pela falta de mão de obra qualificada e salários em alta, servindo de gatilho para inflação.
Para Júlio Sérgio Gomes de Almeida, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o programa "combate a anemia pela qual a indústria brasileira está passando", ao reduzir encargos que incidem sobre a folha de pagamentos de setores tradicionais do polo industrial brasileiro, como produtores de calçados, confecções e móveis.
Além disso, diz, a participação direta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento a projetos de inovação - cujo modelo de financiamento ao pré-projeto foi desenhado com auxílio do Iedi - é "salutar" e "oportuna".
Já para José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista da Opus Gestão de Recursos, ao desonerar a folha de pagamentos e elevar a 25% o ágio que o governo pagará ao produto nacional em suas licitações, a nova política industrial "tem forte conteúdo inflacionário", porque, segundo ele, "reduz ainda mais a taxa de desemprego".
Camargo diz-se impressionado com as medidas.
"Estamos em um cenário de inflação pressionada, correndo risco de a meta do Banco Central ser descumprida não apenas neste ano, mas também em 2012, e o programa que o governo lança joga ainda mais lenha na fogueira", afirma.
Segundo ele, governo e industriais devem "esquecer" a ideia de que o país precisa ser autossuficiente em bens manufaturados.
"Alguém já viu produtor de café reclamar e pedir programa setorial? Por que o agronegócio não recebe políticas de incentivo? Porque tem grande produtividade", diz Camargo.
Para Edgard Pereira, sócio da Edgard Pereira & Associados e professor da Unicamp, a "grande medida" do Brasil Maior é a desoneração da folha de pagamentos.
Essa terá efeito imediato para as empresas, avalia Pereira.
"Não quer dizer que as empresas sairão contratando, mas sim que a redução nos custos de produção poderá ser repassada aos preços, tornando o produto nacional mais competitivo no mercado interno, na disputa com os importados chineses, e eventualmente no mercado externo", afirma. "É uma ótima saída."
(...)
A inclusão do segmento de software entre os beneficiados pela zeragem da contribuição patronal à Previdência na folha de pagamentos (substituída por uma tributação sobre o faturamento) surpreendeu o empresário Luigi Nese, presidente do Sindicato das Empresas de Processamento de Dados de São Paulo.
"Achei curiosa a inclusão de um setor de serviços na nova política industrial", diz Nese, "mas, de uma perspectiva de experimentação [quanto a substituição da cobrança de encargos da folha para o faturamento] faz todo o sentido".
De acordo com Nese, que também é o presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), a folha de pagamentos representa entre 60% e 80%, em média, dos custos totais das empresas de software.
Valor
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