Quando se achava que as ações da Petrobras tinham chegado ao fundo do poço no mês passado, os papéis da estatal voltaram a surpreender na última semana.
Na terça-feira, as preferenciais (PN, sem direito a voto) atingiram R$23, o menor nível desde 3 de março de 2009, quando fecharam a R$22,75.
Na terça-feira, as preferenciais (PN, sem direito a voto) atingiram R$23, o menor nível desde 3 de março de 2009, quando fecharam a R$22,75.
A ação acabou se recuperando levemente e fechando a semana a R$23,72, mas ainda há cautela e dúvidas sobre o desempenho do papel a curto prazo e especialistas se dividem sobre a melhor decisão a tomar:
reduzir a exposição à Petrobras, manter os papéis, ou aproveitar os preços mais baixos para comprar.
Em relação ao bom potencial de longo prazo, no entanto, há consenso, já que a exploração do petróleo da camada do pré-sal começará a trazer resultados para a companhia.
- É uma ação que está com preço atraente e a companhia tem fundamentos econômicos fortes. Mesmo com as incertezas globais, há uma curva de demanda crescente de petróleo, puxada principalmente por países emergentes.
Mas, sem dúvida, o investimento em Petrobras é para médio e longo prazo - afirma o analista do Banco Geração Futuro de Investimentos Lucas Brendler.
Futuro brilhante, mas
com desafios pela frente
Com uma visão um pouco mais crítica, o analista da Ágora Corretora Luiz Otávio Broad diz que sua recomendação é manter o papel, mas lembra que desde o ano passado as ações da estatal não estão mais no portfólio da corretora:
- Existe atratividade das ações, mas não a ponto de estar nas recomendações. A produção da Petrobras está crescendo a um ritmo fraco e os investimentos são ou de baixo retorno ou de longo prazo. Não vemos a geração de caixa crescendo de forma significativa, o que prejudica o retorno para o acionista no curto prazo.
Se já não bastassem os fatores que afetam as ações da Petrobras, o próprio Ibovespa segue em desempenho fraco e, no ano, cai 9,53%.
A visão de Broad é compartilhada pelo analista da Planner Corretora Henrique Ribas.
Neste ambiente de produção com fraco desempenho, lembra ele, volta a pesar a questão da operação de capitalização de R$120 bilhões feita pela empresa no ano passado, que ampliou o número de acionistas:
- Havia uma expectativa de crescimento do lucro em 2011, mas a produção não está avançando. E, com a capitalização, é preciso que a empresa lucre mais porque seu resultado é dividido por mais acionistas.
Desde o início do ano, a Planner reduziu a participação da Petrobras em sua carteira recomendada de 8% para 5%.
- A curto prazo, a expectativa é de volatilidade, até pela exposição a qualquer variação brusca no preço do petróleo - diz Ribas.
Oswaldo Telles, analista-chefe do Banif, defende que, quando se deixa para trás os problemas da capitalização, a Petrobras tem "um futuro brilhante":
- A questão com as ações de Petrobras é que às vezes os investidores lembram do futuro brilhante e às vezes das dificuldades para se chegar lá.
O analista da Spinelli Corretora Max Bueno acrescenta que os investimentos feitos agora no pré-sal só vão se traduzir em geração de caixa daqui a três anos:
- O investimento agora é elevado e, até que o caixa comece a entrar, demora.
Lucianne Carneiro O Globo
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